Destaque
Manejo correto e escolha de boas cultivares são essenciais para evitar abortamento no algodoeiro, diz pesquisador

Foto: Apipa (Associação Piauiense dos Produtores de Algodão)
Com quase dois milhões de hectares cultivados, o Brasil ocupa o terceiro lugar como produtor mundial de pluma de algodão. Apesar do otimismo, doenças e pragas exigiram mais atenção dos produtores nesta safra 2023/24. As mudanças climáticas trouxeram os grandes desafios, principalmente em Mato Grosso, estado que produz cerca de 70% do algodão brasileiro.
O aumento de 2 a 3 graus na temperatura criou condições favoráveis para o desenvolvimento de fungos causadores de doenças como a ramulária e a mancha-alvo. Fungos que ocasionam severa desfolha das plantas e, em casos mais graves, levam ao abortamento de partes reprodutivas do algodoeiro.
A Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT) conduz ensaios que avaliam a eficácia de fungicidas indicados para o controle tanto da mancha alvo, como de ramulária. De acordo com João Paulo Ascari, fitopatologista e pesquisador da Fundação MT, as plantas atingidas por condições ambientais desfavoráveis e a alta intensidade de mancha alvo apresentaram maior abortamento das estruturas produtivas.
“Com o manejo regulador da população aplicado no campo, o fungo teve condições climáticas muito favoráveis ao seu desenvolvimento, o que levou a produzir uma alta quantidade de inóculo e a doença avançou de uma forma muito rápida. A consequência foi uma desfolha de certa forma intensa. A planta perdeu baixeiro, perdeu o terço médio, teve abortamento e a desfolha precoce, o que causa ainda um estresse na planta”, afirmou.
O pesquisador orienta que para as próximas safras, os produtores devem começar as ações preventivas com a escolha de boas cultivares. “A partir do momento que o agricultor opta por uma cultivar já conhecida por ser sensível à doença, este material ele já terá que ser trabalhado com programas de fungicidas diferenciados, onde terá uma força maior direcionada a mancha alvo nos períodos mais críticos de aumento de doenças, entre 60 a 100 dias do ciclo da cultura após a semeadura. É uma questão de manejo correto de produtos em algumas áreas”, afirmou.
Influência climática
O clima apresentou influência direta na ocorrência de abortamento e no potencial produtivo do algodão. De acordo com o pós-doutor em fisiologia do algodoeiro e coordenador do programa de pós-graduação em agronomia da Unoeste, Fábio Rafael Echer, o planejamento agrícola deve ser conduzido conforme o cenário climático vigente.
“O produtor precisa tomar cuidados com o encharcamento no início do ciclo. Trabalhar com solos descompactados é importante para permitir uma infiltração da água mais rápida e para o algodão não ficar alagado, porque isso no início do cultivo, causa um atraso no desenvolvimento”, disse.
Ajustar o manejo é fundamental para a produção se adaptar ao ambiente, ressalta Fábio. “Trazendo isso para o planejamento o produtor precisa pensar em trabalhar com populações de plantas um pouco menores para sofrer menos abortamento. E tomar cuidados com o excesso de fitotoxidez de herbicidas. Todos esses cuidados com o intuito de deixar a planta fotossinteticamente ativa mais tempo, para permitir um bom enchimento dos frutos e um bom ganho de peso dos capulhos”, afirmou.
Análise da safra
A retrospectiva da safra 2023/24 do algodão, resultados das vitrines de cultivares e a análise do clima foram pautas apresentadas durante o XIV Encontro Técnico Algodão, promovido pela Fundação MT, realizado entre os dias 31 de julho, 1 e 2 de agosto, em Cuiabá-MT. No segundo dia, o painel contou com relatos da safra dos produtores das regiões Norte e Médio Norte, Sul e Oeste de Mato Grosso e da Bahia.
“A dinâmica climática foi extremamente desafiadora na safra 2023/24. Foi de muito aprendizado com desafios climáticos nunca visto antes, surtos de pragas que há tempos não aconteciam, resultados abaixo da expectativa em algumas regiões. A qualidade do algodão será um fator muito importante na hora da comercialização. Para a próxima safra, será momento de fazer o “dever de casa”, e assim se planejar com os pés no chão”, relatou o engenheiro agrônomo em Primavera do Leste, Lucas Daltrozo.
Márcio Souza, coordenador de Projetos e Difusão de Tecnologias do Imamt (Instituto Mato-grossense do Algodão), destacou que a construção do algodão em Mato Grosso já começa na safra da soja, onde houve algumas adversidades climáticas que impediu a forma eficiente do controle de população culturais do algodão. Márcio reforçou que isso ocasionou maior índice de doenças, o que gera 10% de perda da produtividade.
“Tivemos uma safra desafiadora. A expectativa é que o clima favoreça mais na próxima, mas para isso nós temos que trabalhar com todas as técnicas disponíveis. Apesar das pesquisas serem essenciais para as tomadas de decisões no campo, os produtores devem se preparar, trabalhar de uma forma preventiva, buscando as melhores técnicas para se ter uma produção bem satisfatória”, pontuou.
Fonte: Crop AgroComunicação/Assessoria Fundação MT
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Destaque
CNA defende comércio justo em audiência sobre dumping no leite

Foto: CNA
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) participou, na sexta (4), de audiência no Departamento de Defesa Comercial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) para tratar da investigação de dumping na importação de leite em pó da Argentina e do Uruguai.
Em agosto do ano passado, a CNA protocolou uma petição no MDIC e em dezembro a investigação foi aberta. O objetivo é apurar a prática de comércio desleal que vinha comprometendo o mercado interno, reduzindo as margens dos pecuaristas e contribuindo com o abandono da atividade.
Durante a audiência, foram ouvidos representantes dos países investigados, importadores e demais partes interessadas. A CNA acompanhou as manifestações e reiterou o impacto negativo que as importações desleais vêm causando à cadeia produtiva do leite nacional.
Segundo o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi, a entidade tem atuado de forma consistente na defesa do setor agropecuário em casos de dumping e ressaltou que o objetivo não é impedir as importações, mas garantir um comércio justo e harmônico entre os países.“Historicamente, a CNA defende ações antidumping para o agro como um todo. Já tivemos êxito em investigações contra a Nova Zelândia e a Austrália, e temos expectativa de que isso se repita agora com a Argentina”, disse.
Já o vice-presidente da Comissão, Jônadan Ma, disse que a audiência pública é resultado da petição da CNA e destacou que o processo de investigação precisa andar o mais rápido possível. “O produtor de leite brasileiro não pode ser penalizado por práticas desleais e predatórias”.
O advogado e consultor da CNA Rodrigo Pupo esclareceu que a próxima fase do processo é a elaboração de parecer preliminar, que será apresentado pelo governo. Também haverá auditoria e verificação dos dados fornecidos pelas partes envolvidas.
Números – Em 2022, o Brasil importou 941 milhões de litros de leite em pó. Já em 2023, esse valor chegou a 1,7 bilhão de litros. Em 2024 foram importados 1,6 bilhão de litros, vindos, principalmente da Argentina, Uruguai e Paraguai.
(Com CNA)
Fernanda Toigo
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

Moluscos bivalves, como o marisco, produzem fezes e pseudofezes que podem se acumular no fundo do mar e causar impactos ambientais (Foto: Aires Mariga / Epagri)
Um protótipo desenvolvido pela Epagri em parceria com a UFSC usa alta tecnologia para ajudar a entender o impacto no ambiente marinho decorrente da criação de moluscos bivalves, como ostras e mexilhões. O destaque do equipamento é a tecnologia embarcada no sistema. Ele conta com sensores de vazão, conectados a um módulo de transmissão de dados, que enviam as informações em tempo real para os computadores da Epagri, em Florianópolis. Para isso, usam o mesmo protocolo utilizado em sistemas modernos de internet das coisas (IoT).
O equipamento, que já passou pela fase de testes, atua na coleta e quantificação de fezes e pseudofezes de moluscos bivalves. O protótipo é utilizado em laboratório e gera resultados a serem usados em estudos. Os pesquisadores trazem água do mar, que é passada pelo equipamento, que abriga moluscos vivos. Assim, é possível acompanhar de forma precisa a quantidade de água que entra em cada um dos 12 compartimentos onde os moluscos ficam e quantificar as fezes e pseudofezes produzidas.
“Isso é essencial porque, como esses animais se alimentam filtrando a água, a quantidade e qualidade desse alimento influencia diretamente na produção de fezes e pseudofezes que, por sua vez, podem se acumular no fundo do mar e causar impactos ambientais”, explica Luis Hamilton P. Garbossa, pesquisador e gerente da Epagri/Ciram, unidade que desenvolve o estudo. Os dados ficam disponíveis em um aplicativo que permite acompanhar o volume acumulado de água filtrada por cada compartimento.
Equipamento promove avanços nos estudos e apoio à decisões
De acordo com Garbossa, “com a nova ferramenta os pesquisadores poderão avançar em estudos sobre a dispersão dos resíduos no ambiente marinho e apoiar decisões sobre o melhor uso das áreas de cultivo”. Ele explica que o sistema foi inspirado em estudos anteriores e adaptado para a realidade brasileira com base em pesquisas recentes.

Protótipo, utilizado em laboratório, tem 12 compartimentos onde ficam moluscos vivos (Foto: Divulgação / Epagri)
A inovação faz parte do projeto “Análise da operação unitária de sedimentação das fezes e pseudofezes de moluscos bivalves”, financiado pela Fapesc. Garbossa destaca ainda que a pesquisa está alinhada aos objetivos da Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, fortalecendo o compromisso da Epagri com a sustentabilidade da maricultura em Santa Catarina.
Segundo os dados mais recentes publicados pela Epagri/Cepa no Observatório Agro Catarinense, Santa Catarina produziu pouco mais de 7 mil toneladas de moluscos em 2023, a maior parte de mexilhões, que respondem por cerca de 5 mil toneladas. Naquele ano a atividade mobilizou 292 produtores no Estado.
(Com Epagri)
Fernanda Toigo
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Destaque
Sema realiza soltura de animais em reserva ecológica no município de São José do Rio Claro

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) realizou nesta quarta-feira (2.7) a soltura de um lobete, mais conhecido como cachorro do mato, e de um jabuti, na Reserva Cunhataí Porã, no município de São José do Rio Claro. O novo lar dos dois animais abrange mais de três mil hectares de floresta intacta.
De acordo com o gerente de Fauna Silvestre da Sema, Marlon Meirelles, o lobete chegou ao órgão ambiental por meio de entrega voluntária. Antes de realizar a soltura, o animal passou por avaliações clínicas para comprovação do seu estado de saúde. O jabuti também recebeu os mesmos cuidados.
O proprietário da Reserva Cunhataí Porã, Iraceudo Luiz de Cézaro, popularmente conhecido como “Gauchinho”, comemorou a chegada dos novos habitantes do local. “Eu até perdi a conta da quantidade de animais que já recebemos da Sema. Temos uma área grande de floresta que não tem caça, não tem nada que prejudique os animais”, destacou.
É nesse mesmo local que desde dezembro de 2023 estão as antas Fred e Judite, que tiveram os tratamentos de saúde acompanhados pela Sema. Elas foram cuidadas após serem resgatadas com ferimentos graves, ambas na cabeça. Judite teve traumas intensos após ser atingida por um objeto cortante, possivelmente um facão, e Fred teve as feridas infeccionadas, causando lesões gravíssimas.
“Essas duas antas vivem em perfeita harmonia com as outras antas que vivem aqui na região. A Judite já apareceu aqui com filhote e eu fico muito feliz. Agora, mais feliz ainda, porque serão construídos recintos para podermos ajudar na recuperação dos animais para depois realizarmos a soltura”, afirmou o proprietário da reserva.
Pantanal
Também nesta quarta-feira (2), a equipe da gerência de Fauna Silvestre da Sema realizou a captura de uma jaguatirica nas proximidades o SESC Pantanal. O animal vinha sendo visto nas margens da rodovia, correndo risco de atropelamento.
Com a captura, a jaguatirica foi levada para uma clínica para avaliação e, caso necessário, passará por tratamento médico e depois será encaminhada para soltura.
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
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