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O mercado de trabalho na cadeia produtiva da soja e do biodiesel no Brasil

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A cadeia produtiva da soja e do biodiesel no Brasil está conectada ao contexto geopolítico global, influenciando e sendo influenciada por disputas comerciais, acordos ambientais internacionais e políticas energéticas. Como maior produtor e exportador mundial de soja in natura e com participação expressiva na oferta global de derivados, o Brasil desempenha um papel estratégico no abastecimento dessas commodities, especialmente para grandes economias como China, União Europeia e Estados Unidos. Ao determinar a demanda por soja e derivados do Brasil, a dinâmica geopolítica impacta o mercado de trabalho do setor, refletindo-se nos investimentos, na demanda por mão de obra e no desenvolvimento regional.

A soja brasileira é um ativo estratégico para a segurança alimentar global, sendo essencial para a alimentação animal e humana. Nos últimos anos, tensões comerciais entre China e Estados Unidos fortaleceram a posição do Brasil como fornecedor de soja para o mercado chinês, impulsionando o emprego em toda a cadeia produtiva, principalmente no segmento primário.

Por outro lado, a crescente dependência do mercado chinês aumenta a vulnerabilidade do Brasil a mudanças em tarifas comerciais ou sanções, impactando empregos e rendimentos na cadeia produtiva. Além disso, políticas ambientais da União Europeia impõem restrições a produtos ligados ao desmatamento, exigindo ajustes nas práticas agrícolas para garantir a competitividade no mercado global.

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A produção de biodiesel também está inserida nesse contexto geopolítico, no que se relaciona à transição energética global. Muitos países buscam reduzir a dependência de combustíveis fósseis, criando oportunidades para o Brasil expandir sua produção de biocombustíveis. Políticas como a obrigatoriedade da mistura de biodiesel ao diesel e incentivos para a transição energética têm fortalecido empregos diretos e indiretos no setor.

Evolução do emprego na cadeia produtiva da soja e do biodiesel

Segundo dados dos Cepea, o número de pessoas ocupadas na cadeia produtiva cresceu de 1,14 milhão em 2012 para 2,32 milhões em 2023, refletindo a expansão da produção e a crescente demanda global por soja e derivados. O segmento de agrosserviços foi o que mais avançou em termos absolutos, passando de 793 mil para mais de 1,6 milhão de pessoas ocupadas no período. O segmento primário (cultivo de soja) também apresentou crescimento expressivo, indo de 214 mil para 479 mil empregos, impulsionado pela expansão da área plantada e contrabalanceado pela adoção de tecnologias que aumentam a produtividade e reduzem a demanda por mão de obra pouco qualificada.

A formalização do emprego e o aumento da escolaridade também foram notáveis. Informações do Cepea indicam que a proporção de trabalhadores com ensino médio completo aumentou de 39,72% em 2012 para 46,58% em 2023, enquanto aqueles com ensino superior passaram de 17,37% para 26,26% no mesmo período. A crescente mecanização e automação da cadeia produtiva tendem a reduzir a demanda por empregos menos qualificados, aumentando a necessidade de profissionais especializados e reforçando a importância de investimentos em educação e capacitação.

A distribuição por gênero se manteve relativamente estável entre 2012 e 2023, com 65% da força de trabalho composta por homens e 35% por mulheres. Ainda que a participação feminina tenha se mantido estável, o crescimento do número de mulheres ocupadas nessa cadeia produtiva reflete iniciativas de inclusão no agronegócio e a mecanização, que reduz a necessidade de trabalho braçal pesado, tradicionalmente executado por homens.

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As políticas econômicas têm sido fundamentais para a sustentação do emprego no setor. A obrigatoriedade da mistura de biodiesel ao diesel impulsionou a produção e gerou empregos diretos e indiretos. Além disso, incentivos para biocombustíveis promovem o desenvolvimento sustentável e a expansão do setor. Outras iniciativas incluem o fortalecimento da infraestrutura logística e o acesso facilitado ao crédito rural, permitindo mais investimentos em tecnologia e ampliação da produção.

Tendências e desafios

O setor continuará evoluindo com maior automação e digitalização, reduzindo a necessidade de mão de obra pouco qualificada e aumentando a demanda por trabalhadores especializados. A inclusão de mulheres e jovens no mercado de trabalho também deve ser incentivada, por meio de capacitação e programas de incentivo. No que diz respeito à produção, os desafios incluem a adaptação às mudanças climáticas e a necessidade de garantir sustentabilidade na expansão agrícola para atender às exigências dos parceiros comerciais.

O Brasil encontra-se em uma posição estratégica, mas vulnerável, dentro da geopolítica global da produção de soja e biodiesel. O sucesso do setor dependerá da capacidade do País de diversificar mercados, adaptar-se a padrões de sustentabilidade e fortalecer políticas de incentivo ao emprego qualificado. O crescimento do emprego no setor reflete a dinâmica de produção e a adoção de tecnologia, que geram maior demanda por mão de obra qualificada e promovem melhores condições salariais. O desafio será equilibrar modernização e inclusão social, garantindo oportunidades para um número crescente de trabalhadores e promovendo um agronegócio sustentável e competitivo no cenário global.

cepea.eslq.usp.br

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Rodrigo Peixoto da Silva

Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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Agricultura

Preços do trigo caem com avanço da colheita e ficam abaixo do valor mínimo definido pelo governo

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Mesmo com geadas, lavouras do Paraná mantêm grande ritmo produtivo – Lavoura de trigo (Foto: Gilson Abreu/AEN)

 

O avanço da colheita mantém os preços do trigo em queda na maioria das regiões monitoradas pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, especialmente no Rio Grande do Sul, principal estado produtor do país. A pressão de oferta vem derrubando as cotações e ampliando a diferença entre os valores pagos aos produtores e o preço mínimo de garantia estabelecido pelo governo federal.

No Paraná, o clima mais instável tem dificultado as atividades de campo e dado algum suporte aos preços locais, mas ainda sem força suficiente para reverter o movimento de queda. Segundo pesquisadores do Cepea, os valores atuais estão bem abaixo da política de garantia de preços mínimos, o que abre espaço para intervenções da União, com o objetivo de apoiar a comercialização e assegurar a remuneração mínima aos agricultores.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o preço mínimo para o trigo está fixado em R$ 78,51 por saca de 60 quilos. Já os dados do Cepea mostram que, na última sexta-feira (7), o preço no mercado de balcão — aquele pago diretamente ao produtor — foi de R$ 57,52/sc em Passo Fundo (RS) e de R$ 63,95/sc no Oeste do Paraná. Esses valores representam quedas de 27% e 19%, respectivamente, em relação ao mínimo estabelecido pela Conab.

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A diferença expressiva reforça o cenário de preocupação entre os produtores, que enfrentam custos elevados e margens reduzidas em plena fase de colheita. Diante desse quadro, analistas avaliam que ações de apoio governamental podem ser necessárias para equilibrar o mercado e evitar prejuízos maiores à cadeia produtiva, especialmente nas regiões mais afetadas pela queda nas cotações.

Fonte: CenarioMT

Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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Agricultura

Rumores de retração nas compras da China marcam o fim da semana do boi gordo

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Foto: Semagro/MS

O mercado do boi gordo registrou uma semana um pouco mais conturbada em termos de negócios. O cenário foi influenciado por especulações de que estão ocorrendo reuniões na China com representantes da agroindústria brasileira devido à presença de Fluazuron acima do permitido em lotes enviados pelo país.

Segundo o analista da consultoria Safras & Mercado, Fernando Iglesias, há a possibilidade de retração das compras chinesas no curtíssimo prazo, o que levou o mercado futuro do boi a precificar movimentos de queda nos preços no dia 6 de novembro.

O mercado também acompanha o resultado de uma investigação conduzida pela China sobre salvaguardas, iniciada em dezembro de 2024, para avaliar se as compras junto ao Brasil prejudicam a indústria local. Iglesias alerta que esse processo poderia ter efeito negativo sobre as exportações brasileiras de carne bovina. Diante deste cenário, muitos frigoríficos reduziram ou suspenderam a compra de gado no dia 6.

Ainda assim, o balanço semanal aponta para preços mais altos do boi gordo. Na modalidade a prazo, os preços do boi gordo nas principais praças brasileiras em 6 de novembro estavam assim:

  • São Paulo (Capital): R$ 330,00 a arroba (+1,24% frente aos R$ 325,00 da semana anterior)
  • Goiás (Goiânia): R$ 315,00 a arroba (estável)
  • Minas Gerais (Uberaba): R$ 310,00 a arroba
  • Mato Grosso do Sul (Dourados): R$ 330,00 a arroba
  • Mato Grosso (Cuiabá): R$ 310,00 a arroba (+1,64%)
  • Rondônia (Vilhena): R$ 295,00 a arroba (+1,72%)

Mercado atacadista

O mercado atacadista acompanhou a tendência de alta, refletindo a firmeza nos preços. A perspectiva de continuidade do movimento leva em consideração o ápice do consumo doméstico, impulsionado pela entrada do décimo terceiro salário, confraternizações de final de ano e a criação de postos temporários de emprego.

O quarto traseiro do boi foi cotado a R$ 25,00 o quilo, sem mudanças, enquanto o quarto dianteiro registrou R$ 18,75 o quilo, avanço de 3,02% em relação ao mês anterior (R$ 18,20).

Exportações

As exportações brasileiras de carne bovina fresca, congelada ou refrigerada renderam US$ 1,775 bilhão em outubro (22 dias úteis), com média diária de US$ 80,706 milhões. O volume total exportado foi de 320,558 mil toneladas, média diária de 14,570 mil toneladas, e o preço médio da tonelada ficou em US$ 5.538,90.

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Na comparação com outubro de 2024, houve alta de 40,9% no valor médio diário, ganho de 18,6% na quantidade média diária e avanço de 18,8% no preço médio, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior.

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Agricultura

Suíça anuncia doação de R$ 33 milhões para Fundo Amazônia

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Foto: Divulgação/Agência Pará

O Brasil receberá 5 milhões de francos suíços, aproximadamente R$ 33 milhões, da Suíça para o Fundo Amazônia. O anúncio foi feito neste domingo (9) pela ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, durante o evento “Presença Suíça na COP30”, em Belém.

Criado em 2008, o Fundo Amazônia é uma iniciativa que apoia projetos e ações contra o desmatamento, em defesa do desenvolvimento sustentável e da melhoria das condições de vida da população na Amazônia Legal brasileira. Gerido pelo BNDES, o fundo conta com aportes de doações não reembolsáveis de governos estrangeiros e empresas nacionais.

A iniciativa, retomada em 2023, após ter ficado paralisada durante o governo de Jair Bolsonaro, também apoia o desenvolvimento de sistemas de monitoramento e controle do desmatamento no restante do Brasil e em outros países tropicais. Os recursos do fundo já apoiaram 144 projetos, beneficiando mais de 600 organizações comunitárias e cerca de 260 mil pessoas.

As ações buscam ainda fortalecer o manejo florestal, a bioeconomia, a inclusão produtiva, a valorização dos saberes tradicionais e o fortalecimento de comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas.

O anúncio ocorre na véspera da abertura da COP30, em Belém, com a presença de 194 países, além da União Europeia. Nesta segunda-feira (10), têm início as negociações da conferência, que girarão em torno das definições das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC, na sigla em inglês). As NDCs são metas de mitigação, ou seja, compromissos adotados pelos países para redução de emissões de gases de efeito estufa.

O Brasil se comprometeu a reduzir entre 59% e 67% suas emissões até 2035, abrangendo todos os gases de efeito estufa e todos os setores da economia. Até o momento 79 países já divulgaram suas NDCs. Eles são responsáveis por 64% das emissões. Os 118 restantes são responsáveis por 36%. A expectativa é que a agenda de mitigação da crise climática avance com ações mais concretas de financiamento dos países em desenvolvimento.

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