Agricultura
Cientistas identificam gene associado ao porte ereto das folhas do tomateiro

Foto: Pedro Bricio Fernandes
Estudos liderados por pesquisadores da Embrapa – em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) e o Instituto Nacional de Investigación Agropecuaria (Inia) do Uruguai – mapearam o genoma do tomateiro e demonstraram a função do gene responsável por conferir o porte ereto às folhas dessa planta. A característica é importante para o controle de pragas, o aumento da tolerância ao calor e o incremento da produção por área cultivada.
A descoberta também favorece as pesquisas na área de melhoramento genético, pois permite ganho de escala no desenvolvimento de novas cultivares com o emprego de marcadores moleculares e de manipulação biotecnológica dos fatores associados com a arquitetura das plantas do tomateiro.
O estudo foi possível porque os pesquisadores observaram plantas com uma mutação natural na coleção de germoplasma (veja quadro abaixo) de tomateiro da Embrapa, que apresentavam uma arquitetura de folhas eretas. “A partir da observação em campo, em que vimos a manifestação dessa característica, nós fizemos cruzamentos com plantas de folhagem normal. No nosso trabalho de mapeamento genético, observamos que toda vez que uma planta apresentava o porte ereto, havia um marcador molecular de DNA específico que nos permitiu aterrissar no genoma e encontrar a exata localização do gene que controla esse fenótipo no cromossomo número 10 do tomateiro”, explica a pesquisadora Maria Esther Fonseca, da área de Análise Genômica da Embrapa Hortaliças (DF).
Ferramenta de edição genética induziu geração de tomateiros eretos
Após identificar o gene candidato, a equipe da pesquisa liderada pelo pesquisador Francisco Aragão, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF), utilizou a ferramenta de edição genética CRISPR-Cas9 para comprovar sua função. Nesse trabalho, a edição seletiva do gene de plantas com folhagem normal induziu o fenótipo de planta ereta (veja quadro abaixo), confirmando a sua função.
O que é fenótipo?É a própria característica ou aspecto peculiar de um organismo vivo. No tomateiro, o porte ereto da folhagem é um fenótipo (peculiaridade) na variedade estudada pela Embrapa. Em genética, fenótipo é a manifestação do genótipo (conjunto de informações genéticas) sob a influência do ambiente. |
“No caso específico dessa pesquisa, o maior mérito está na descoberta e na validação do gene em si. Nossa equipe percorreu todas as etapas nesta descoberta, desde a observação da característica nas plantas no campo, passando pela localização genômica e finalizando com a prova de conceito da edição, que demonstrou de maneira inequívoca a função do gene”, contextualiza o pesquisador Leonardo Boiteux, da área de Melhoramento Genético Vegetal da Embrapa Hortaliças.
Conhecimento pode ser aplicado a outras espécies de plantas
O conhecimento sobre o gene exato que responde pelo porte ereto das folhas pode ser aplicado além do tomateiro. Segundo Boiteux, o estudo da filogenia, que se refere às relações evolutivas entre diferentes espécies, demonstrou que genes similares ao do tomateiro também estão presentes em milho, pêssego e outras espécies herbáceas e arbóreas. “A nossa hipótese é que genes similares possam ser encontrados em outras espécies, mas agora, sabendo o gene exato, nós podemos editar e gerar uma planta ereta do tomateiro e possivelmente de outras espécies vegetais”, sinaliza.
Ao confirmar a função do gene, os pesquisadores estabeleceram uma base genética sólida para o desenvolvimento de cultivares de tomate mais adaptadas a sistemas de cultivo intensivo. “O estudo aponta que a estratégia pode ser estendida a outras hortaliças, cereais e frutíferas, contribuindo para enfrentar os desafios globais de segurança alimentar, eficiência agrícola e sustentabilidade”, completa Aragão, ao ressaltar que o potencial de integração de ferramentas genômicas modernas com o melhoramento genético tradicional acelera o aprimoramento de culturas agrícolas.
Menor exposição ao sol e menos perda de água
A arquitetura da planta é um fator que impacta o manejo e a produtividade das culturas agrícolas, por isso, estabelecer o fenótipo de folhas eretas é importante para garantir vantagens como melhor distribuição da luz e maior conforto térmico para as plantas. O ângulo das folhas eretas minimiza a incidência direta do sol e, assim, há menos estresse por calor e menor perda de água.
“Nas plantas convencionais de tomate, com folhas na posição horizontal, nas horas mais quentes do dia, sob o sol das 11h às 15h, ocorre um estresse oxidativo mais intenso. Quando as folhas são eretas, a planta sofre menor evapotranspiração, o que acaba gerando um tipo de proteção térmica”, acentua o pesquisador do Inia, Matias González-Arcos.
Porém, a vantagem potencial mais evidente dos tomateiros com folhas eretas está na possibilidade de fazer maior adensamento do plantio e, assim, otimizar a área de produção ao aumentar o número de plantas por hectare. No caso de tomate para processamento industrial, por exemplo, é possível aumentar ainda mais o adensamento, sem que isso implique em maior competição por luz.
Facilidade no controle de doenças e pragas
A posição mais vertical das folhas de tomateiro otimiza o controle químico e biológico de doenças, como oídio, e também pragas, especialmente moscas-brancas, que se instalam na superfície abaxial – ou seja, no lado inferior das folhas. Por mais que se faça a fragmentação das gotas dos produtos nas pulverizações, é muito difícil alcançar embaixo das folhas.
“Um dado promissor foi a redução na preferência por moscas-brancas, importante praga da cultura. Plantas editadas receberam até 2,5 vezes menos insetos, possivelmente devido à maior exposição das superfícies abaxiais das folhas – local preferido para a postura de ovos – às condições ambientais e inimigos naturais, desfavorecendo a colonização”, destaca o estudante da UnB, Pedro Brício Brito Fernandes que defendeu sua dissertação sobre esse tema.
Publicação científica
Os resultados dessa pesquisa foram publicados no artigo “Remodeling aboveground tomato plant architecture via CRISPR/Cas9-mediated editing of a single Tiller Angle Control 1–like gene”, veiculado na revista aBIOTECH, periódico com foco na divulgação de estudos aplicados na área de biotecnologia e genômica.
Participação e apoioA pesquisa foi realizada em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) e o Instituto Nacional de Investigación Agropecuaria (Inia) do Uruguai; e recebeu financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF). |
Paula Rodrigues (MTb 61.403/SP) – Embrapa Hortaliças
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Agricultura
Demanda sazonal pressiona mercado global de fertilizantes

As vendas de ureia ao consumidor final na Índia avançam – Foto: Canva
O mercado global de fertilizantes atravessa um período de forte movimentação, marcado por picos sazonais de consumo e por estratégias governamentais voltadas à segurança de suprimento. Segundo a AMR Business Intelligence, a demanda elevada em um dos principais mercados consumidores tem alterado o ritmo de vendas, estoques e decisões de importação, ao mesmo tempo em que acordos internacionais ganham peso no planejamento de médio prazo.
As vendas de ureia ao consumidor final na Índia avançam para alcançar quase 6 milhões de toneladas em dezembro, volume que pode configurar um novo recorde mensal, impulsionado pela demanda típica da safra de inverno, conhecida como rabi. O ritmo acelerado de escoamento reduziu os estoques domésticos de 7,1 milhões para 6,3 milhões de toneladas em apenas duas semanas. Esse movimento levou a estatal NFL a antecipar uma licitação de importação para a compra de 1,5 milhão de toneladas, com encerramento previsto para 2 de janeiro. No acumulado do ano, o país, que figura como o maior importador global do insumo, já adquiriu 9,23 milhões de toneladas por meio de leilões internacionais.
Paralelamente, a política externa indiana reforça o papel estratégico dos fertilizantes. O primeiro-ministro Narendra Modi propôs dobrar o fluxo comercial bilateral com a Jordânia para US$ 5 bilhões em cinco anos, colocando o setor como um dos eixos centrais da cooperação, ao lado de energia e defesa. Em encontros de alto nível que contaram com a participação do rei Abdullah II, foram discutidos investimentos na indústria jordaniana para garantir o fornecimento estável de fosfatados à Índia. A iniciativa busca reduzir riscos de oferta em períodos de pico das safras e consolidar um corredor econômico entre o Sul da Ásia e o Oriente Médio.
AGROLINK – Leonardo Gottems
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Agricultura
Mercado de trigo entra em fase de ajuste no Sul

No Paraná, o cenário também é de paralisação – Foto: Canva
O mercado de trigo no Sul do país atravessa um período de baixa liquidez, pressão sobre preços e cautela generalizada dos agentes, após dois anos marcados por fortes oscilações. De acordo com a TF Agroeconômica, o comportamento observado em 2024 e 2025 reflete um esgotamento do ciclo de alta e a entrada em uma fase de ajuste estrutural, com efeitos distintos entre os estados produtores.
No Rio Grande do Sul, as negociações seguem praticamente suspensas, com expectativa de paralisações temporárias em moinhos para limpeza e férias coletivas. Estima-se que cerca de 1,55 milhão de toneladas da safra nova já tenham sido comercializadas, o equivalente a pouco mais de 40% da produção. Os preços do trigo para moagem giram entre R$ 1.100 e R$ 1.150 por tonelada no mercado local, enquanto no porto os valores ficam próximos de R$ 1.180 para dezembro e R$ 1.190 para janeiro. O trigo destinado à ração apresenta cotações ligeiramente superiores, e o mercado é descrito como confortável do lado da indústria, com pouca urgência de compra.
A análise dos últimos dois anos mostra que os preços no estado atingiram picos relevantes em meados de 2024 e no primeiro quadrimestre de 2025, superando R$ 1.450 por tonelada, antes de entrarem em uma trajetória de queda acentuada. No encerramento de 2025, as cotações recuaram para níveis próximos de R$ 1.030 a R$ 1.050, os menores do período. A combinação de boa oferta interna, qualidade inferior do grão, entrada concentrada da safra, concorrência do trigo importado e demanda cautelosa dos moinhos contribuiu para a perda de sustentação dos preços.
Em Santa Catarina, o mercado permanece travado, com moinhos apenas recebendo lotes já adquiridos e expectativa de parada quase total até o início do próximo ano. O estado ainda não concluiu a colheita, e há um descompasso entre vendedores, que mantêm ideias ao redor de R$ 1.200 FOB, e compradores, que se mantêm ausentes.
No Paraná, o cenário também é de paralisação, com preços nominais ao redor de R$ 1.250 por tonelada CIF no norte do estado. Após picos acima de R$ 1.550 em 2024 e no início de 2025, o mercado entrou em tendência baixista, encerrando o último ano na faixa de R$ 1.180 a R$ 1.200, pressionado pela oferta interna, importações competitivas e resistência dos moinhos a preços mais elevados.
AGROLINK – Leonardo Gottems
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Agricultura
Entregas de fertilizantes avançam no mercado brasileiro

A produção nacional de fertilizantes intermediários também apresentou avanço – Foto: Divulgação
O mercado brasileiro de fertilizantes apresentou crescimento consistente ao longo de 2025, refletindo maior demanda do setor agropecuário e avanço no volume de entregas ao produtor. Dados divulgados pela Associação Nacional para a Difusão de Adubos (ANDA) indicam que o desempenho positivo foi observado tanto no resultado mensal quanto no acumulado do ano.
Em setembro de 2025, as entregas ao mercado somaram 5,38 milhões de toneladas, volume 11,3% superior ao registrado no mesmo mês do ano anterior. No acumulado de janeiro a setembro, o total entregue chegou a 35,86 milhões de toneladas, alta de 9,3% em comparação com igual período de 2024, quando foram contabilizadas 32,80 milhões de toneladas.
Mato Grosso manteve a liderança no consumo nacional de fertilizantes, concentrando 22,5% do total entregue no país, o equivalente a 8,08 milhões de toneladas. Na sequência apareceram Paraná, com 4,51 milhões de toneladas, São Paulo, com 3,74 milhões, Rio Grande do Sul, com 3,54 milhões, Goiás, com 3,53 milhões, Minas Gerais, com 3,22 milhões, e Bahia, com 2,43 milhões de toneladas.
A produção nacional de fertilizantes intermediários também apresentou avanço. Em setembro de 2025, o volume produzido alcançou 713 mil toneladas, crescimento de 6,3% frente ao mesmo mês de 2024. No acumulado dos nove primeiros meses do ano, a produção totalizou 5,57 milhões de toneladas, aumento de 6,6% em relação às 5,23 milhões de toneladas registradas no mesmo intervalo do ano anterior.
As importações somaram 3,91 milhões de toneladas em setembro de 2025, redução de 7,4% na comparação anual. De janeiro a setembro, porém, o volume importado atingiu 31,49 milhões de toneladas, expansão de 8,4% frente às 29,05 milhões de toneladas de 2024. O Porto de Paranaguá consolidou-se como principal porta de entrada do insumo, com oito milhões de toneladas importadas no período, o que representou 25,5% do total desembarcado nos portos brasileiros.
AGROLINK – Seane Lennon
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
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