Agronegócio
Nova lei pretende estimular a produção de alimentos nas cidades

Projeto mobiliza moradores das comunidades pacificadas implementando agricultura sustentável em hortas comunitárias. Na foto, o morador do Morro da Formiga, Wallace da Silva Rosa (Tomaz Silva/Agência Brasil)
O aumento da produção de alimentos locais, a agilidade no transporte, a capacidade de geração de emprego e o fornecimento de itens alimentícios a famílias de baixa renda são alguns dos possíveis benefícios da Política Nacional de Agricultura Urbana e Periurbana, cuja legislação foi sancionada na última sexta-feira (26) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com especialistas no assunto, o potencial da nova política é grande, mas dependerá de incentivos públicos e da articulação entre os governos federal, estaduais e municipais para que seja concretizado.
A Lei Nº 14.935 define a Agricultura Urbana e Periurbana (AUP) como atividade agrícola e pecuária desenvolvida nas áreas urbanas e ao redor do perímetro das cidades. Dentre os objetivos da AUP estão ampliar a segurança alimentar e nutricional das populações urbanas vulneráveis; gerar alternativa de renda e de atividade ocupacional à população urbana e periurbana; estimular o trabalho familiar, de cooperativas, de associações e de organizações da economia popular e solidária, dentre outros. A articulação com programas de abastecimento e de compras públicas destinadas a escolas, creches, hospitais e outros estabelecimentos públicos também está entre as finalidades da nova política.
A diretora de Pesquisa do Instituto Escolhas, Jaqueline Ferreira, detalha o potencial estimado de crescimento do setor. “Estamos falando de uma agricultura que já acontece nas cidades, mas é invisibilizada. Todas as grandes metrópoles e capitais brasileiras já possuem iniciativas do tipo. No entanto, como a agricultura como atividade econômica historicamente está associada ao meio rural, esses produtores não conseguem acessar políticas públicas pelo fato de muitos deles não serem reconhecidos como estabelecimentos agropecuários”, disse. Segundo ela, entre as dificuldades estão o acesso ao crédito e a regularização dos empreendimentos pelos produtores.
Potencial
Diante da realidade de ausência de atenção nas últimas décadas, o setor apresenta grande capacidade de expansão. De acordo com pesquisas do Instituto Escolhas, se apenas 5% dos espaços mapeados como possíveis áreas de expansão da Agricultura Urbana fossem concretizados em três cidades brasileiras (Curitiba, Recife e Rio de Janeiro), cerca de 300 mil pessoas poderiam ser abastecidas, por ano, com os alimentos produzidos.
Na capital paranaense, esse dado significa que 96% do total de pessoas em situação de pobreza poderiam ser beneficiadas com a implantação de novas unidades produtivas. Para isso, seriam necessários investimentos e incentivos.
Estudos feitos pela instituição mostram que, em Belém, a prática tem potencial para abastecer 1,7 milhão de pessoas com legumes e verduras – número maior do que a população local, de 1,5 milhão.
A diretora do instituto cita, entre os principais benefícios da legislação, a geração de emprego e renda, o aumento da segurança alimentar de áreas periféricas mais vulneráveis, a redução do desperdício de alimentos e do custo de produção, uma vez que o transporte de alimentos ocorrerá para localidades próximas.
Somente na Região Metropolitana de São Paulo, a agricultura orgânica nas áreas periurbanas poderia gerar 180 mil empregos – simulação realizada nas atuais áreas de pastagem, sem necessidade de avanço para regiões de preservação e conservação ambiental.
Avanço
O pesquisador Leonardo de Freitas Gonçalves, doutorando em Geografia e Meio Ambiente na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), avalia a legislação como um avanço significativo e necessário, especialmente pelo crescimento da agricultura urbana no mundo, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Ele cita também como avanço o decreto 11.700/2023, que instituiu no ano passado o Programa Nacional de Agricultura Urbana e Periurbana.
“A política é uma iniciativa muito importante não só para incentivar a agricultura urbana e periurbana, mas também para dar visibilidade a essa gente que se dedica à produção de alimentos nas cidades e nem sequer é percebida pelos moradores, tampouco pelas prefeituras”, observa.
Durante sua pesquisa de doutorado, Leonardo Gonçalves acompanhou uma horta comunitária no subúrbio do Rio de Janeiro criada por iniciativa de moradores de um conjunto habitacional que passavam por dificuldades financeiras e de segurança alimentar durante a pandemia de Covid-19. “Foi um dos locais que mais me impressionou na garantia da função social da propriedade de uma área anteriormente ociosa e até degradada. Ainda há muito o que progredir e os avanços legislativos podem contribuir para a expansão de iniciativas semelhantes”, defende.
Cooperação
Segundo Jaqueline Ferreira, os atores das diferentes unidades da Federação deverão trabalhar em conjunto, em especial o governo federal e as prefeituras, para que essa perspectiva se torne realidade. “Se o governo federal não fizer um esforço, com um programa robusto de fomento, fica muito difícil para os entes locais terem força para, sozinhos, desenvolverem experiências de agricultura urbana e operações locais”, analisa. Já os governos municipais precisam atuar na articulação com empresas e grupos interessados no setor, facilitando o acesso aos terrenos e realizando parcerias.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), desde a instituição do decreto, em 2023, R$ 7 milhões já foram investidos no apoio a iniciativas de produção de alimentos saudáveis nas cidades e no estímulo a hortas comunitárias em diversos estados.
Ainda segundo o MDA, a nova legislação incentiva a criação e o funcionamento de feiras livres e outras formas de comercialização direta, e linhas especiais de crédito deverão ser estabelecidas para os agricultores urbanos e periurbanos, facilitando o acesso a recursos financeiros “essenciais para o investimento na produção, processamento e comercialização”.
Edição: Sabrina Craide
Fonte: Paulo Victor Chagas – Repórter da Agência Brasil – Brasília
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Agronegócio
Preço da arroba do boi gordo segue movimento de baixa; confira cotações

Foto: Giro do Boi/ Reprodução
O mercado físico do boi gordo volta a apresentar preços mais fracos na maioria das regiões.
Segundo o analista da consultoria Safras & Mercado Fernando Henrique Iglesias, o crescimento da oferta é a grande justificativa para o movimento, considerando a chegada da frente fria, que trouxe ao mercado oferta residual de animais terminados a pasto.
“A expectativa é de boa disponibilidade de animais terminados em regime intensivo no decorrer de julho, com boa incidência de animais de parceria (contratos a termo), além da utilização de confinamento próprio”, disse.
De acordo com ele, por outro lado, as exportações agressivas de carne bovina são a grande variável sob o prisma da demanda, reduzindo a intensidade do movimento de queda nos preços da arroba do boi gordo.
Média da arroba do boi
São Paulo: R$ 311,67 — ontem: R$ 315,08
Goiás: R$ 293,75 — R$ 294,64
Minas Gerais: R$ 299,41 — R$ 299,71
Mato Grosso do Sul: R$ 312,39 — R$ 313,52
Mato Grosso: R$ 317,30 — R$ 318,11
Mercado atacadista
O mercado atacadista volta a se deparar com preços acomodados para a carne bovina. Segundo Iglesias, o ambiente de negócios ainda sugere por alguma elevação dos preços no curto prazo, em linha com a entrada dos salários na economia, motivando a reposição entre atacado e varejo.
“Mas vale destacar que o baixo poder de compra da população brasileira ainda direciona a demanda para proteínas mais acessíveis, a exemplo da carne de frango, ovos e embutidos”, pontuou Iglesias.
O quarto traseiro permanece precificado a R$ 23 por quilo, o dianteiro ainda é cotado a R$ 19 por quilo e a ponta de agulha segue precificada a R$ 18,50 por quilo.
Câmbio
O dólar comercial encerrou a sessão em baixa de 0,75%, sendo negociado a R$ 5,4186 para venda e a R$ 5,4166 para compra. Durante o dia, a moeda norte-americana oscilou entre a mínima de R$ 5,4156 e a máxima de R$ 5,4807.
Victor Faverin
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Agronegócio
MT se consolida como potência global na venda de carne bovina, com 3% das exportações mundiais da proteína

Foto: Assessoria
Mato Grosso é responsável por aproximadamente 3% das exportações globais de carne bovina. Se fosse um país, ocuparia a 9ª posição no ranking mundial de exportadores, segundo dados do Serviço de Inspeção Federal (SIF) e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Em 2024, o estado produziu 1,7 milhão de toneladas de carne bovina, liderando o ranking nacional com 17,1% da produção brasileira. Foram abatidos 6,6 milhões de animais no período, consolidando a liderança de Mato Grosso como maior produtor da proteína animal no Brasil.
“Mato Grosso é um importante polo de produção de carne bovina e tem ganhado destaque no mercado internacional não apenas pelo volume de carne in natura, mas também pela exportação de miúdos e subprodutos de origem animal. O crescimento contínuo das exportações nos últimos anos tem deixado o setor cada vez mais otimista”, avalia o diretor de Projetos do Instituto Mato-grossense da Carne (Imac), Bruno de Jesus Andrade.
Em 2025, o ritmo de produção segue aquecido, com perspectivas de abertura de novos mercados. De janeiro a maio, o estado já abateu 7,3 milhões de bois, com destaque para o mês de maio, quando mais de 553,2 mil cabeças foram processadas.
Entre os fatores que sustentam o otimismo do setor está a recente autorização, concedida em junho, para a exportação de subprodutos de origem animal destinados à fabricação de extratos para uso farmacêutico aos países da União Econômica Euroasiática.
De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Rússia, Cazaquistão, Belarus, Armênia e Quirguistão passam agora a importar itens como retina, próstata, cartilagem escapular, ovários e glândulas do timo de bovinos brasileiros.
“A União Econômica Euroasiática representa um mercado de 185 milhões de habitantes e tem ampliado sua demanda por insumos farmacêuticos de origem animal. Essa nova autorização faz parte da estratégia de diversificação da pauta exportadora, com o objetivo de reduzir a dependência de poucos países compradores e ampliar o alcance global dos nossos produtos”, reforça o diretor do Imac.
Leiagora
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Agronegócio
Diversificação de culturas e práticas sustentáveis marcam Vitrine Tecnológica da Expoagro

Foto: Assessoria
A Vitrine Tecnológica será uma das principais atrações da 57ª Feira Industrial, Comercial e Agropecuária de Mato Grosso (Expoagro), que acontece de 11 a 20 de julho no Centro de Eventos Senador Jonas Pinheiro, em Cuiabá.
Com foco na sustentabilidade e inovação no campo, o espaço permitirá ao público conhecer e interagir com mudas de banana, mandioca, hortaliças, gramíneas e leguminosas utilizadas na alimentação animal, além de culturas de potencial comercial ainda pouco explorado no estado.
Neste ano, uma das novidades é o campo agrostológico, área dedicada à demonstração de espécies forrageiras. “Vamos acompanhar o desenvolvimento das forrageiras e entender como elas se adaptam aos sistemas de produção animal em Mato Grosso”, explica João Costa Júnior, professor do Departamento de Zootecnia e Extensão Rural da UFMT – Campus Cuiabá.
A iniciativa é realizada pelo Sindicato Rural de Cuiabá, com apoio do Senar-MT, Prefeitura de Cuiabá e Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Ao promover a diversificação agrícola e valorizar a ciência aplicada à produção, a Vitrine Tecnológica reforça o compromisso da Expoagro com o desenvolvimento rural sustentável.
A feira é organizada em parceria com a Ditado Produções e conta com apoio do Governo de Mato Grosso, Assembleia Legislativa e federações do setor produtivo (Famato, Fiemt e Fecomércio).
Leiagora
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
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