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Agricultura

Produtor inova com integração de braquiária no sistema de cultivo de uvas gourmet

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Utilizando forrageiras, empresário obteve melhor cobertura de solo, maior controle de pragas, diminuição no uso de defensivos e ainda resolveu problemas de erosão na área dos parreirais – Fotos: Reprodução

 

A uva é uma fruta milenar, sendo um dos alimentos mais antigos do mundo. Os registros históricos das primeiras videiras datam de seis mil anos antes de Cristo no continente asiático. No Brasil, os parreirais vieram com os colonizadores portugueses, em 1535. De lá para cá, a cultura se adaptou, se popularizou e hoje é cultivada desde o extremo sul do país, com grande relevância para Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, até regiões do Nordeste, com destaque para Petrolina, localizada no interior de Pernambuco, às margens do Rio São Francisco.

Foi justamente a uva que motivou e desafiou o empresário Cesar Augusto Ferraz, profissional da área de tecnologia, com atuação no mercado financeiro e construção ambiental, a investir em um projeto inédito e ousado. Para manter ativa as terras de duas propriedades agrícola, que somam 25 hectares, que estão na família há mais de 130 anos, localizadas no município de Araraquara-SP, onde predomina o cultivo agrícola de cana-de-açúcar e citros, ele resolveu montar o primeiro projeto de produção de uvas na região.

Pensando no segmento de uvas de mesa gourmet e na produção de suco, ele foi em busca de conhecimento junto aos principais produtores do Brasil para entender as características da fruta e deste mercado. No início de 2020, após muitas pesquisas e viagens, desenhou o projeto piloto em uma área de 3 mil metros quadrados. “Escolhemos a estrutura para manter os parreirais em sistema em “Y”, diferente do convencional. Toda área tem cobertura antigranizo e sistema de irrigação, um projeto bem estruturado e tecnológico”, disse o empresário.

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Em setembro de 2021, implantou as primeiras mudas e iniciou de fato com o cultivo de oito variedades para ver quais se adaptavam melhor à região, onde até então, não tinha nenhum histórico dessa cultura. Para tornar a produção ainda mais eficiente, ele precisava também ter atenção com a proteção do solo e a integração com outra cultura seria a solução.

Através da Rede ILPF, uma associação dedicada a intensificar a sustentabilidade da agropecuária brasileira com a adoção de tecnologias de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), César acompanha os projetos e participa do dia de campo em Ipameri/GO desde 2015, e após algumas conversas resolveu apostar na utilização de forrageiras sob os parreirais. “O conceito da integração sempre esteve no foco principalmente em relação à proteção de solo. Tínhamos uma terra com carbono zero, por ser uma área antiga de cana-de-açúcar. Juntamente com o agrônomo, avaliamos várias possibilidades e surgiu a ideia da braquiária que por si só já mudaria o carbono negativo no solo para positivo”, destacou Ferraz.

Entre as opções de forrageiras no mercado, o produtor escolheu a Brachiaria Ruziziensis, da Soesp. A empresa produz sementes blindadas com tecnologia Advanced, exclusiva da marca, que recebem na fábrica o tratamento para garantir sua qualidade. A empresa possui laboratório especializado em sementes forrageiras acreditado pelo Inmetro e aplica dois fungicidas e um inseticida à superfície dos produtos que protegem a semente até a sua germinação. Todo esse processo tecnológico assegura um valor cultural de 80% para Brachiaria e Panicum, além de alta pureza (cerca de 96%) e alta viabilidade.

As sementes blindadas com a tecnologia Advanced têm ainda como importante característica a uniformidade e resistência, assim não entopem o maquinário de plantio e o tratamento não se rompe, chegando intacto ao solo. Além disso, são produtos com inteligência na absorção de água e ideais para ILPF, com menor custo por hectare. “No nosso caso, a braquiária ajudou muito resolvendo problemas como das formigas, por exemplo, algo comum nesta cultura. Devido a essa cobertura de solo, não tivemos problemas de erosão em aclives como aqui, pois as raízes da forrageira são profundas. Além disso, melhoramos o desenvolvimento da cultura e reduzimos o uso de água nas irrigações, pois, a forrageira mantém bem a umidade no solo”, detalhou, Ferraz.

Outra experiência que foi testada na propriedade, no início desse ano, foi uma safrinha de uva orgânica, sem o uso de qualquer defensivo. Teoricamente não seria possível produzir uva orgânica naquela latitude, devido ao calor e por conta da época das águas, mas, mesmo com as adversidades, ele conseguiu ter duas safras no ano.

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“O nosso objetivo é a produção de uva gourmet de excelência, com tecnologia em todos os processos. É um projeto muito bem estruturado, validado e acompanhado por instituições renomadas, como a Embrapa Uva e Vinho de Bento Gonçalves (RS), e a Embrapa Uvas Tropicais de Jales/SP, com a orientação do pesquisador Reginaldo T. de Souza, que esteve com a gente desde o começo, e a ideia é sermos uma UR – Unidade de Referência na região, por isso queremos ampliar as variedades e ser um verdadeiro campo de testes de uvas”, finalizou o produtor.

Sobre – A Sementes Oeste Paulista está sediada em Presidente Prudente (SP) e há 39 anos atua no mercado oferecendo sementes de pastagem. Sua matriz conta com infraestrutura voltada à produção, beneficiamento, comercialização e desenvolvimento de novas tecnologias, tanto para pecuária como para agricultura de baixo carbono. A empresa desenvolveu a tecnologia Soesp Advanced, que revolucionou o mercado de sementes forrageiras nos países de clima tropical, ao trazer diversos benefícios no plantio e estabelecimento dos pastos, e se adequar perfeitamente ao sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Acesse www.sementesoesp.com.br.

Kassiana Bonissoni

Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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Agricultura

Brasil amplia produção de óleo e farelo de soja

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Foto: United Soybean Board

 

A produção de óleo e farelo de soja no Brasil registrou crescimento, impulsionada pelo maior volume de esmagamento da oleaginosa. Os dados constam no Boletim da Safra de Grãos divulgado nesta quinta-feira (10) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

De acordo com o levantamento, a produção de óleo de soja foi revisada para cima em 186 mil toneladas, totalizando agora 11,37 milhões de toneladas. A elevação está associada, principalmente, ao aumento da mistura obrigatória de biodiesel ao diesel mineral, que ampliou a demanda pelo produto.

O crescimento também se refletiu no consumo interno. Segundo a Conab, a demanda nacional por óleo de soja subiu de 9,69 milhões para 9,88 milhões de toneladas.

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Já a produção de farelo de soja teve incremento de 717 mil toneladas, alcançando 43,78 milhões de toneladas. Como consequência, os estoques de farelo aumentaram de 1,43 milhão para 2,28 milhões de toneladas.

AGROLINK – Seane Lennon

Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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Agricultura

Concurso de cacho de banana impressiona jurados

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Pesquisadores da Epagri, compuseram o júri

 

 

Quando o consumidor vê a penca de banana na gôndola do mercado não tem ideia do tamanho que um cacho pode alcançar na roça, principalmente se for a Cavendish, mais conhecida em Santa Catarina como caturra. Cachos podem ser tão pesados quanto um ser humano, caso sejam escolhidos a dedo para participar de uma competição, como a que aconteceu em Balneário Piçarras, na sexta-feira, 4, com apoio da Epagri.

“Tinha cacho com 14 pencas! Com certeza, esse deve ter passado de um metro”, se surpreendeu o pesquisador e engenheiro-agrônomo Ricardo Negreiros, que integrou o júri junto com outros três pesquisadores da fruticultura da Epagri Itajaí: Ramon Scherer, Luana Castilho Maro e Fabiano Bertoldi. “O produtor do cacho mais pesado disse que é um cacho padrão do seu bananal, acima de 70kg, isso chama a atenção”, reforçou Ramon.

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Participaram da 2º Exposição de cachos de banana dos produtores de Balneário Piçarras 38 produtores no município. O cacho mais pesado de banana caturra alcançou 73,1 kg, produzido por Adenilson Antunes Ramos, da comunidade de Rio Novo. Na categoria prata, o vencedor foi Marcelo Feltrin, de São Brás (36,2kg).

Também fizeram parte do júri o gerente regional da Epagri Joinville, Hector Haverroth, os técnicos agrícolas Ingomar Seidel, Ricardo Grejianin e Adriano Bondan, e o extensionista Bruno Salvador, de Luiz Alves. O extensionista rural Eraldo Monteiro ficou a cargo da organização do evento junto com a Associação de Bananicultores de Luiz Alves (Abla), pioneira neste tipo de competição, e a Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico de Balneário Piçarras.

Ramon Scherer e Luana Castilho Maro, pesquisadores da Epagri, compuseram o júri

À procura do cacho perfeito

Mas como eleger um cacho de banana campeão? Para analisar a qualidade da fruta os critérios se baseiam na aparência, sanidade, manejo, comprimento e diâmetro da fruta. Cada cacho recebia um número e os jurados escolheram, na primeira etapa, os 10 melhores. Depois da contagem dos cachos mais citados, chegaram aos cinco melhores.

Os jurados ficaram atentos a defeitos como restos florais na ponta de cada fruto, dano e manchas causado pelo manejo inadequado e maturação precoce. O presidente da Abla, Bertolino Vilvert, disse que a fruta no inverno vai ser sempre mais magra que no verão, e ter vincos que podem parecer estranhos ao consumidor final, mas não são necessariamente um defeito. “Pior é quando já está amadurecendo, daí tem menor vida útil”, acrescenta.

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A pesquisadora Luana Maro chamou a atenção sobre cachos que tinham a primeira penca com desenvolvimento diferenciado. “Quando a penca tem uma banana pra lá e outra pra cá, dificulta a colocação na caixa de transporte”, explica.

Membro do júri e da Abla

Na categoria Caturra, os vencedores foram Adilson Lourenço Antunes Ramos (Rio Novo),  Marcos Alexandre Vilvert (Rio Novo), Luis Felipe Habitzreiter (São Brás), José Vilvert (Rio Novo) e Fábio Bittencourt Bettoni (São Brás). Na categoria Prata, também conhecida como branca, levaram a melhor Aline Maria Kons Rech (Nossa Senhora da Conceição), Alcir Leonardo Rech (Nossa Senhora da Conceição) e Marcelo Feltrin (São Brás).

(Com Renata Rosa/Epagri/Fapesc)

Fernanda Toigo

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Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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Agricultura

SEAF apoia pesquisa internacional sobre fungo que causa doença em trabalhadores rurais

Publicado

em

Marcus Mesquita

A Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf) é parceira em uma pesquisa científica de alcance internacional voltada ao diagnóstico precoce da Paracoccidioidomicose (PCM), doença fúngica pouco conhecida no Brasil e em Mato Grosso, mas que representa uma ameaça à saúde de trabalhadores rurais.

A iniciativa envolve a participação de 500 agricultores familiares de nove municípios da Baixada Cuiabana (Cuiabá, Várzea Grande, Chapada dos Guimarães, Santo Antônio do Leverger, Nossa Senhora do Livramento, Jangada, Acorizal, Barão de Melgaço e Poconé), que estão sendo submetidos a exames de sangue para identificação da doença.

A PCM, conhecida como “paracoco”, é causada por um fungo presente no solo e pode afetar diversos órgãos do corpo humano, como pulmões, pele, linfonodos, ossos, sistema nervoso central e até órgãos genitais. A contaminação ocorre principalmente por meio da inalação dos esporos do fungo por pessoas que trabalham diretamente com a terra.

Coordenado pela doutora Rosane Hahn, vinculada à Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o projeto “Diagnóstico Precoce da Paracoccidioidomicose em Indivíduos que trabalham com Agricultura Familiar e a Saúde do Trabalhador Rural” foi selecionado por edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat) e conta com financiamento integral.

Rosane, referência internacional em estudos sobre a doença, foi responsável pela identificação de uma nova variante do fungo, o Paracoccidioides lutzii, a partir de pesquisas desenvolvidas no Hospital Universitário Júlio Müller, em Cuiabá. A descoberta colocou Mato Grosso no mapa mundial dos estudos sobre o “paracoco”.

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Apesar da importância do tema, o projeto enfrentava dificuldades para alcançar os trabalhadores diretamente expostos. A articulação com lideranças comunitárias e cooperativas só foi possível após apoio da Seaf, por meio da atuação da coordenadora de Acesso aos Mercados, Doraci Maria de Siqueira.

“Ficamos mais de um ano tentando contato com essas comunidades. Foi a Seaf que possibilitou essa conexão com os trabalhadores rurais e, com isso, conseguimos avançar nas coletas. Sou imensamente grata”, destaca a pesquisadora.

A secretária Andreia Fujioka, ressalta a importância do apoio da Seaf a iniciativas que aliem saúde pública e fortalecimento da agricultura familiar.

“Os trabalhadores e trabalhadoras da agricultura familiar são a base da produção de alimentos no estado. É nosso dever apoiá-los em todas as frentes, inclusive na promoção da saúde. Essa parceria com a UFMT reforça nosso compromisso com a qualidade de vida no campo e com o desenvolvimento sustentável das comunidades rurais”, afirma Fujioka.

As coletas acontecem nos assentamentos rurais, sempre pela manhã e com os participantes em jejum.

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O Hospital Universitário Júlio Müller é a referência para tratamento dos casos diagnosticados. Segundo Rosane, caso algum resultado seja positivo, o agricultor será encaminhado diretamente ao hospital, sem necessidade de fila ou regulação.

Até o momento, 270 dos 500 exames previstos já foram realizados. No próximo dia 15 de julho, 20 trabalhadores do distrito do Aguaçu, em Cuiabá, farão o exame. No dia 19, será a vez de outros 40 da Associação de Produtores da Agricultura Familiar da Gleba Resistência.

A previsão é de que o projeto seja concluído entre agosto e setembro deste ano, com os resultados sendo posteriormente publicados em revista científica internacional.

Andréa Haddad/ Vânia Neves | Seaf/Empaer
Colaborou:  Astrogildo Nunes – [email protected]

 

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