Agricultura
Fiscais conhecem experiência no combate ao greening

Foto: Evandro Fadel/SEAB
As ações integradas entre setores público e privado na região Noroeste do Paraná já se tornaram referência no combate ao greening ou HLB no País. Equipes de fiscais de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul estão nesta semana no Estado para conhecer a metodologia, que também pode ajudá-los a enfrentar o problema. No Paraná o trabalho tem apresentado resultados promissores no campo.
Até agora foram erradicadas mais de 1 milhão de plantas contaminadas ou que ofereciam riscos na área urbana, em propriedades não comerciais e nas comerciais, medida necessária para proteger toda a cadeia produtiva. O greening é a doença mais severa da citricultura, com potencial para dizimar plantações de laranjas, limões, tangerinas e outras variedades de citros.
A visita começou nesta terça-feira (27) por Paranavaí, com apresentação dos trabalhos realizados nos três estados e visita a pomares comerciais e à indústria de sucos Prat’s, que participa ativamente do trabalho de controle da doença. O município é o maior produtor de laranjas do Paraná.
Em 2023 foram produzidas 184 mil toneladas em 4,6 mil hectares, o que garantiu R$ 189,1 milhões em Valor Bruto de Produção (VBP), conforme levantado pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Nesta quarta-feira (28) os visitantes terão um encontro na prefeitura para conhecer melhor as ações, principalmente em relação à erradicação de plantas cítricas e murta da área urbana.
“Essa doença somente será controlada com a ajuda de todos. No Paraná o Governo do Estado, prefeituras, industriais, cooperativas e produtores estão somando suas forças para ter mais efetividade. Esta visita pode iniciar um novo momento com atuação conjunta dos Estados do Sul”, disse a coordenadora do programa de Citricultura da Adapar, Caroline Garbuio.
ESTADOS – Santa Catarina tem focos de greening desde 2022, atingindo municípios no Extremo Oeste com mais intensidade. Mas o trabalho de vigilância se estende por todo o Estado, com 140 pontos monitorados em 2024.
“A citricultura é importante para Santa Catarina porque é exercida principalmente pela agricultura familiar”, disse Fabiana Alexandre Branco, gestora da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal, da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc).
Segundo ela, para muitas famílias essa é a principal cultura. “Manter o HLB sob controle é manter essas famílias dentro da citricultura”, disse. “Queremos usar todo os exemplos que a Adapar faz com municípios de integração, de educação sanitária, conscientização da sociedade, das comunidades, de erradicação de plantas e de não permitir mudas clandestinas”.
A preocupação do Rio Grande do Sul é para evitar a chegada da doença em seu território, onde tem 34 mil hectares de citros. “Estamos em uma ilha, porque já tem greening no Uruguai, Argentina e Santa Catarina”, comentou Alonso Duarte de Andrade, chefe da Divisão de Auditoria e Gestão Estratégica do Departamento de Defesa Vegetal do Rio Grande do Sul. No estado a produção de citros é desenvolvida em pequenas propriedades com média de 2 a 4 hectares, sobretudo nas regiões do Vale do Caí, Alto Uruguai e Erechim.
“A preocupação é que, se o greening entrar, a necessária destruição de plantas em pomares e a queda de produção não serão apenas um problema econômico, mas também social porque falamos de municípios que sobrevivem basicamente da citricultura e feita por pequenos produtores”, disse Andrade.
Segundo ele, a experiência do Paraná, por meio da Adapar, é importante para os técnicos rio-grandenses. “É importante fazer parte desse intercâmbio interinstitucional, da troca de experiências e da unificação dos três órgãos de defesa agropecuária do Sul do País porque não há fronteira para pragas”, afirmou. “É uma engrenagem em que todos precisam trabalhar, toda a cadeia produtiva, indústrias, extensão e assistência técnica, caminhões, oficinas mecânicas, tudo precisa funcionar para lograr o êxito que queremos”.
AÇÕES – O greening foi observado pela primeira vez em 2006 no Paraná. No início foram realizados eventos de conscientização e cartilhas orientativas distribuídas a produtores e em escolas. Mas o trabalho somente fortificou-se em 2022. Entre as ações instituídas pelo Estado está a publicação do Decreto 4.502/2023, com vigência prorrogada em dezembro de 2024, que declarou estado de emergência fitossanitária no Estado.
O documento confere à Adapar o poder de fiscalizar e garantir a erradicação das plantas hospedeiras sem manejo em qualquer lugar em que estejam sendo cultivadas e autuar os proprietários resistentes, se necessário.
Também foi constituída a Câmara Técnica de Citricultura, com participação de várias entidades públicas e privadas. A Câmara se reúne periodicamente para discutir as ações, emitir pareceres e analisar as últimas pesquisas relacionadas à doença.
A Adapar realizou também três operações BIG Citros com o objetivo de baixar a incidência de greening. Durante uma semana em Paranavaí, Umuarama, Maringá e nas regiões de Londrina e Cornélio Procópio dezenas de fiscais da entidade fizeram ações de conscientização sobre a gravidade da doença e de erradicação de plantas sintomáticas ou que representavam risco à produção comercial, além de fortalecimento na fiscalização sobre venda de mudas clandestinas. Desde o início do combate mais de 1milhão de plantas já foram erradicadas.
“Temos equipe técnica excelente, produtores enxergando a necessidade de salvar a citricultura e os municípios abraçando a causa. Já estamos mudando a situação aqui e agora vamos estender para o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e para o Brasil”, disse o secretário da Agricultura de Paranavaí, Tarcísio Barbosa de Souza.
DOENÇA – O HLB ou greening dos citros é uma praga importante devido à severidade, rápida disseminação e dificuldades de controle. A bactéria Candidatus Liberibacter spp é o agente causal do HLB. Ao sugar a seiva de uma planta infectada, o psilídeo Diaphorina citri passa a levar a doença para outras árvores do pomar.
O greening afeta seriamente as plantas cítricas provocando queda prematura dos frutos, que resulta em redução da produção e pode levar à morte precoce. Além disso, os frutos ficam menores, deformados, podendo apresentar sementes abortadas, açúcares reduzidos e acidez elevada, o que deprecia o seu sabor, diminuindo a qualidade e o valor comercial tanto para consumo in natura como para processamento industrial.
No Brasil, a erradicação das plantas doentes sintomáticas só é obrigatória para pomares com menos de oito anos, visto que os insetos-vetores preferem as plantas jovens. No entanto, o Ministério da Agricultura e Pecuária estuda novas regras que podem reduzir esse tempo ou estender a erradicação para todas as plantas, independentemente de idade.
PRODUÇÃO – A citricultura é o ramo mais representativo na fruticultura paranaense. Nacionalmente o Estado é o terceiro maior produtor. Dados do Valor Bruto da Produção (VBP) de 2023, levantados pelo Departamento de Economia Rural (Deral), apontam que os principais citros (laranja, tangerina e limão) foram cultivados em 29,3 mil hectares no Estado.
A laranja é o destaque, com 20,8 mil hectares, seguida da tangerina (7,1 mil hectares) e limão (1,3 mil hectares). Os citros tiveram produção de 860,9 mil toneladas – 731,6 mil de laranjas, 94,4 mil de tangerinas e 34,7 mil de limões. Em rendimento monetário, a laranja foi responsável por R$ 751,9 milhões, as tangerinas tiveram VBP de R$ 177,4 milhões, enquanto os limões foram valorados em R$ 55,9 milhões.
(Com AEN/PR)
Fernanda Toigo
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Agricultura
Brasil e Colômbia trocam experiências científicas sobre a vassoura de bruxa da mandioca

Foto: Adilson Lima/Embrapa
A Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA) recebeu, entre 15 e 19 de dezembro, a pesquisadora Alejandra Gil-Ordoñez, da Alliance Bioversity & Ciat, da Colômbia. Ela realizou atividades de pesquisa sobre a morte descendente da mandioca (popularmente chamada de vassoura de bruxa da mandioca), doença causada pelo fungo Ceratobasidium theobromae , recentemente identificada na região Norte.
Alejandra foi convidada pelo fitopatologista Saulo Oliveira , pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura que liderou as pesquisas sobre a doença em todo o Brasil. Em Cruz das Almas (BA), uma programação de estudos e intercâmbios aconteceu no Laboratório de Biologia Molecular, supervisionada pela analista Andresa Ramos , e conta com a participação de pesquisadores e bolsistas envolvidos nos trabalhos.
“O convênio se realizou para atender à emergência fitossanitária no Brasil. A ideia era transferir conhecimento para tratar de entender a doença, como ocorrer aqui suas particularidades e como conter o mais rápido possível a dispersão”, explica Alejandra. “Toda emergência fitossanitária é um tema urgente. Precisamos socializar o problema — porque muita gente não conhece — e, enquanto isso, ela pode chegar a outras localidades que as pessoas não estão familiarizadas com os sintomas.”
Entre as atividades realizadas no laboratório durante uma semana, houve a preparação de amostras de fungos encontrados no Amapá em 2023, 2024 e 2025 para comparar geneticamente com amostras da Guiana Francesa e da Ásia. “O foco foi o sequenciamento com marcadores microssatélites [SSR] para compreensão da estrutura populacional do fungo, sua diversidade e diferenças e semelhanças com populações asiáticas do patógeno”, informa Saulo.
Atividades no Amapá
Na semana anterior, acompanhado por Saulo, pelo pesquisador Éder Oliveira , recentemente transferido da Embrapa Mandioca e Fruticultura para a Embrapa Café (DF), e equipe da Embrapa Amapá , Alejandra conheceu os experimentos e visitou áreas afetadas pela vassoura de bruxa da mandioca na região do Oiapoque (AP), incluindo as aldeias indígenas Kariá, Galibí e Tukay. Ela trouxe e instalou uma armadilha de esporos que visa ao monitoramento em campo. “A armadilha de esporos foi montada para ser testada e, em breve, será destinada ao campo onde será realmente realizado o monitoramento”, diz Saulo.
No mesmo período, equipes da Embrapa instalaram experimentos com 210 genótipos de mandioca, sendo 160 da Embrapa Mandioca e Fruticultura. Os demais são de origem local e outros enviados pelo produtor Benedito Dutra, parceiro da Rede Reniva no Pará. “Esse trabalho de identificação dos genótipos e de preparação de área é feito pela pesquisadora Jurema Dias, o analista Jackson dos Santos, os técnicos Aderaldo Gazel e Izaque Pinheiro e outros colegas da Embrapa Amapá. São experimentos conjuntos, o que mostra que as Unidades estão trabalhando em parceria para solucionar o problema”, explica Saulo. “Vão ser verificadas características morfológicas que diferenciam as cultivares, como a cor e espessura das folhas e dos pecíolos, que poderiam ser, talvez,barreiras para o fungo, e genótipos que parecem ter algum tipo de resistência. Nesse caso, não é apenas uma observação de campo, mas uma experimentação científica, com delineamento, em que será possível extrair os dados, com a garantia de que o resultado não é por aleatoriedade”, afirma. Essas atividades estão sendo financiadas com recursos emergenciais destinadas a dois centros de pesquisa.
No Amapá, Alejandra relatou que existem diferenças no comportamento da doença na região amazônica e na Ásia. “Na Ásia, temos apenas um período intenso de chuvas enquanto na região amazônica há chuva praticamente todo o ano. Podemos dizer que, no Brasil, existem possíveis efeitos mais graves a curto prazo porque a doença está se disseminando mais rapidamente. Além disso, nas Américas a mandioca é um cultivo que tem importância cultural e de segurança alimentar maior que na Ásia. Unido a isso, nas comunidades indígenas, o vínculo é muito profundo com a mandioca, com sua conservação e com a conservação da diversidade porque a mandioca tem como centro de origem o Amazonas. São fatores socioeconômicos e socioculturais que devem chamar a atenção dos esforços governamentais para conter a doença”, alerta a pesquisadora.
Fonte: Assessoria/Léa Cunha
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Agricultura
Demanda sazonal pressiona mercado global de fertilizantes

As vendas de ureia ao consumidor final na Índia avançam – Foto: Canva
O mercado global de fertilizantes atravessa um período de forte movimentação, marcado por picos sazonais de consumo e por estratégias governamentais voltadas à segurança de suprimento. Segundo a AMR Business Intelligence, a demanda elevada em um dos principais mercados consumidores tem alterado o ritmo de vendas, estoques e decisões de importação, ao mesmo tempo em que acordos internacionais ganham peso no planejamento de médio prazo.
As vendas de ureia ao consumidor final na Índia avançam para alcançar quase 6 milhões de toneladas em dezembro, volume que pode configurar um novo recorde mensal, impulsionado pela demanda típica da safra de inverno, conhecida como rabi. O ritmo acelerado de escoamento reduziu os estoques domésticos de 7,1 milhões para 6,3 milhões de toneladas em apenas duas semanas. Esse movimento levou a estatal NFL a antecipar uma licitação de importação para a compra de 1,5 milhão de toneladas, com encerramento previsto para 2 de janeiro. No acumulado do ano, o país, que figura como o maior importador global do insumo, já adquiriu 9,23 milhões de toneladas por meio de leilões internacionais.
Paralelamente, a política externa indiana reforça o papel estratégico dos fertilizantes. O primeiro-ministro Narendra Modi propôs dobrar o fluxo comercial bilateral com a Jordânia para US$ 5 bilhões em cinco anos, colocando o setor como um dos eixos centrais da cooperação, ao lado de energia e defesa. Em encontros de alto nível que contaram com a participação do rei Abdullah II, foram discutidos investimentos na indústria jordaniana para garantir o fornecimento estável de fosfatados à Índia. A iniciativa busca reduzir riscos de oferta em períodos de pico das safras e consolidar um corredor econômico entre o Sul da Ásia e o Oriente Médio.
AGROLINK – Leonardo Gottems
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Agricultura
Mercado de trigo entra em fase de ajuste no Sul

No Paraná, o cenário também é de paralisação – Foto: Canva
O mercado de trigo no Sul do país atravessa um período de baixa liquidez, pressão sobre preços e cautela generalizada dos agentes, após dois anos marcados por fortes oscilações. De acordo com a TF Agroeconômica, o comportamento observado em 2024 e 2025 reflete um esgotamento do ciclo de alta e a entrada em uma fase de ajuste estrutural, com efeitos distintos entre os estados produtores.
No Rio Grande do Sul, as negociações seguem praticamente suspensas, com expectativa de paralisações temporárias em moinhos para limpeza e férias coletivas. Estima-se que cerca de 1,55 milhão de toneladas da safra nova já tenham sido comercializadas, o equivalente a pouco mais de 40% da produção. Os preços do trigo para moagem giram entre R$ 1.100 e R$ 1.150 por tonelada no mercado local, enquanto no porto os valores ficam próximos de R$ 1.180 para dezembro e R$ 1.190 para janeiro. O trigo destinado à ração apresenta cotações ligeiramente superiores, e o mercado é descrito como confortável do lado da indústria, com pouca urgência de compra.
A análise dos últimos dois anos mostra que os preços no estado atingiram picos relevantes em meados de 2024 e no primeiro quadrimestre de 2025, superando R$ 1.450 por tonelada, antes de entrarem em uma trajetória de queda acentuada. No encerramento de 2025, as cotações recuaram para níveis próximos de R$ 1.030 a R$ 1.050, os menores do período. A combinação de boa oferta interna, qualidade inferior do grão, entrada concentrada da safra, concorrência do trigo importado e demanda cautelosa dos moinhos contribuiu para a perda de sustentação dos preços.
Em Santa Catarina, o mercado permanece travado, com moinhos apenas recebendo lotes já adquiridos e expectativa de parada quase total até o início do próximo ano. O estado ainda não concluiu a colheita, e há um descompasso entre vendedores, que mantêm ideias ao redor de R$ 1.200 FOB, e compradores, que se mantêm ausentes.
No Paraná, o cenário também é de paralisação, com preços nominais ao redor de R$ 1.250 por tonelada CIF no norte do estado. Após picos acima de R$ 1.550 em 2024 e no início de 2025, o mercado entrou em tendência baixista, encerrando o último ano na faixa de R$ 1.180 a R$ 1.200, pressionado pela oferta interna, importações competitivas e resistência dos moinhos a preços mais elevados.
AGROLINK – Leonardo Gottems
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
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