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Agricultura

Embrapa prepara soja brasileira sob medida para a alimentação de sul-coreanos

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Foto: Pixabay

Representantes de São Paulo da Korea Agro-Fisheries & Food and Trade Corporation (aT), empresa pública importadora de alimentos para a Coreia do Sul, visitaram ensaios de Valor de Cultivo e Uso (VCU) de materiais de soja convencional da Embrapa na Fazenda Dourados, do Grupo Recanto, em Paracatu, Minas Gerais, na última quinta-feira (28).

Atualmente, a Coreia do Sul consome cerca de 360 mil toneladas de soja por ano para uso alimentar.

Em 2024, a aT assinou um memorando de entendimento para o estabelecimento de uma parceria com a Embrapa Cerrados e a Fundação Cerrados para o desenvolvimento de cultivares de soja não-transgênica de alto rendimento que sirvam de base na fabricação de produtos alimentícios, principalmente tofu, pasta de soja fermentada (doenjang) e leite de soja.

Diversificação de fornecedores

A empresa coreana tem importado os grãos dos Estados Unidos e agora quer diversificar os fornecedores. Assim, a aT enviou, inicialmente, grãos de cinco linhagens para testes laboratoriais no país asiático.

“Produzimos tofu a partir das cinco amostras de soja brasileiras e avaliamos aspectos como rendimento, capacidade de coagulação e sabor. A partir dessa análise, foram selecionadas duas variedades que se aproximaram bastante do tofu que já é consumido no mercado coreano e que mostraram maior potencial de substituição da soja”, conta a diretora da empresa em São Paulo, Yousun Jung.

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De acordo com o cronograma, serão enviados 700 kg de grãos desses materiais para testes industriais nas próximas semanas.

Soja conforme a demanda do cliente

O chefe-geral da Embrapa Cerrados, Sebastião Pedro, ressaltou que a parceria é importante por permitir que a pesquisa em melhoramento genético de soja convencional realizada pela unidade tenha a participação da indústria alimentícia coreana, que indicará as características mais demandadas.

“Com isso, estamos fazendo um melhoramento participativo, em que a seleção genética pelos caracteres agronômicos e de qualidade possam ser balizados por parâmetros industriais trazidos diretamente do cliente”, diz.

O chefe-geral lembra que é a primeira vez que a Embrapa Cerrados realiza esse tipo de trabalho. “Com a avaliação das linhagens pela indústria, estamos selecionando materiais que servirão diretamente a esse propósito especial que é a produção de alimentos para consumo humano.”

Cultivares selecionados pelos coreanos

Com 800 hectares de área irrigada, a Fazenda Dourados foi adquirida há pouco mais de dois anos pelo Grupo Recanto. Além da soja, devem ser cultivados feijão, milho, sorgo e algodão.

O ensaio de VCU na propriedade envolve 132 linhagens do programa de melhoramento genético de soja da Embrapa em fase de competição final entre elas.

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Uma das cultivares já selecionadas pelos coreanos foi plantada em 0,9 hectare. Além disso, outras sete estão em fase de registro em uma área de 6 hectares sob pivô de irrigação, semeados em 3 de junho e com colheita prevista para o início de outubro.

Além de avaliar o desempenho agronômico, a ideia é enviar para teste grãos dos materiais que possam atender às exigências nutricionais do mercado coreano de alimentos, sobretudo quanto ao teor de proteína (que deve ser acima de 36%) e de ácidos graxos poli-insaturados linoléico (Ômega-6) e linolênico (Ômega-3).

Um dos sócios do Grupo Recanto, Frederico Elias vislumbra duas possibilidades com o ensaio: a multiplicação de soja convencional para consumo humano; e o potencial da soja plantada nesta época para a multiplicação de sementes, o que, conforme ele, geralmente não é feito.

Desenvolvimento da soja no inverno

O consultor Elmiro Queiroz explica que o manejo nutricional diferenciado, com adubação rica em silício, cálcio e boro, tem contribuído para o bom desenvolvimento das plantas mesmo no inverno, quando o fotoperíodo (período de incidência de luz ao longo do dia) é menor e, normalmente, a soja não cresce.

Segundo ele, as plantas agora estão na fase de enchimento de grãos, com um porte expressivo. “Os resultados preliminares mostram que é possível produzir uma soja altamente produtiva, que nos permite multiplicar os materiais mais rapidamente”, diz.

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Ele acrescenta que o manejo nutricional utilizado, além de promover o crescimento celular das plantas, conferiu maior rigidez às folhas, o que favoreceu o controle de lagartas como a falsa-medideira e amenizou a pressão da mosca-branca. “Até agora, não fizemos pulverizações para lagartas nem para percevejos”, completa.

Para a diretora Yousun Jung, foi muito importante poder ver no campo as diferentes variedades e linhagens de soja desenvolvidas pela Embrapa. “Tinha curiosidade de entender como a instituição faz a gestão das sementes para pesquisa e me surpreendi ao saber que hoje existem mais de 130 em fase experimental. Foi uma experiência muito enriquecedora perceber como o trabalho da Embrapa é bem conduzido e feito em parceria com os produtores”, afirma.

Prazo para atendimento da demanda

O presidente do Instituto Soja Livre e da Fundação Cerrados, Luiz Fiorese, prevê que até meados do ano que vem será possível obter um volume de sementes suficiente para iniciar, na safra 2026/27, a produção grãos de dois a três materiais para atender à demanda coreana.

“É mais um mercado que estamos abrindo, ampliando o leque da soja convencional, que não se limita ao mercado europeu. Temos que aproveitar essa oportunidade”, destaca, lembrando que diversos países têm sido sobretaxados pelos Estados Unidos e estão buscando diversificar as importações.

Ele acrescenta que os materiais que obtiverem boa resposta produtiva na região de Paracatu, no noroeste mineiro, e atendam às exigências dos coreanos deverão ser adaptados para produção em outras regiões sojícolas brasileiras.

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“Agora é obtermos as variedades para produzir e atender a um mercado que não é só a Coreia do Sul. Outros países asiáticos como o Japão também demandam esse tipo de soja”, observa.

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Agricultura

Demanda sazonal pressiona mercado global de fertilizantes

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As vendas de ureia ao consumidor final na Índia avançam – Foto: Canva

O mercado global de fertilizantes atravessa um período de forte movimentação, marcado por picos sazonais de consumo e por estratégias governamentais voltadas à segurança de suprimento. Segundo a AMR Business Intelligence, a demanda elevada em um dos principais mercados consumidores tem alterado o ritmo de vendas, estoques e decisões de importação, ao mesmo tempo em que acordos internacionais ganham peso no planejamento de médio prazo.

As vendas de ureia ao consumidor final na Índia avançam para alcançar quase 6 milhões de toneladas em dezembro, volume que pode configurar um novo recorde mensal, impulsionado pela demanda típica da safra de inverno, conhecida como rabi. O ritmo acelerado de escoamento reduziu os estoques domésticos de 7,1 milhões para 6,3 milhões de toneladas em apenas duas semanas. Esse movimento levou a estatal NFL a antecipar uma licitação de importação para a compra de 1,5 milhão de toneladas, com encerramento previsto para 2 de janeiro. No acumulado do ano, o país, que figura como o maior importador global do insumo, já adquiriu 9,23 milhões de toneladas por meio de leilões internacionais.

Paralelamente, a política externa indiana reforça o papel estratégico dos fertilizantes. O primeiro-ministro Narendra Modi propôs dobrar o fluxo comercial bilateral com a Jordânia para US$ 5 bilhões em cinco anos, colocando o setor como um dos eixos centrais da cooperação, ao lado de energia e defesa. Em encontros de alto nível que contaram com a participação do rei Abdullah II, foram discutidos investimentos na indústria jordaniana para garantir o fornecimento estável de fosfatados à Índia. A iniciativa busca reduzir riscos de oferta em períodos de pico das safras e consolidar um corredor econômico entre o Sul da Ásia e o Oriente Médio.

AGROLINK – Leonardo Gottems

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Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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Agricultura

Mercado de trigo entra em fase de ajuste no Sul

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No Paraná, o cenário também é de paralisação – Foto: Canva

O mercado de trigo no Sul do país atravessa um período de baixa liquidez, pressão sobre preços e cautela generalizada dos agentes, após dois anos marcados por fortes oscilações. De acordo com a TF Agroeconômica, o comportamento observado em 2024 e 2025 reflete um esgotamento do ciclo de alta e a entrada em uma fase de ajuste estrutural, com efeitos distintos entre os estados produtores.

No Rio Grande do Sul, as negociações seguem praticamente suspensas, com expectativa de paralisações temporárias em moinhos para limpeza e férias coletivas. Estima-se que cerca de 1,55 milhão de toneladas da safra nova já tenham sido comercializadas, o equivalente a pouco mais de 40% da produção. Os preços do trigo para moagem giram entre R$ 1.100 e R$ 1.150 por tonelada no mercado local, enquanto no porto os valores ficam próximos de R$ 1.180 para dezembro e R$ 1.190 para janeiro. O trigo destinado à ração apresenta cotações ligeiramente superiores, e o mercado é descrito como confortável do lado da indústria, com pouca urgência de compra.

A análise dos últimos dois anos mostra que os preços no estado atingiram picos relevantes em meados de 2024 e no primeiro quadrimestre de 2025, superando R$ 1.450 por tonelada, antes de entrarem em uma trajetória de queda acentuada. No encerramento de 2025, as cotações recuaram para níveis próximos de R$ 1.030 a R$ 1.050, os menores do período. A combinação de boa oferta interna, qualidade inferior do grão, entrada concentrada da safra, concorrência do trigo importado e demanda cautelosa dos moinhos contribuiu para a perda de sustentação dos preços.

Em Santa Catarina, o mercado permanece travado, com moinhos apenas recebendo lotes já adquiridos e expectativa de parada quase total até o início do próximo ano. O estado ainda não concluiu a colheita, e há um descompasso entre vendedores, que mantêm ideias ao redor de R$ 1.200 FOB, e compradores, que se mantêm ausentes.

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No Paraná, o cenário também é de paralisação, com preços nominais ao redor de R$ 1.250 por tonelada CIF no norte do estado. Após picos acima de R$ 1.550 em 2024 e no início de 2025, o mercado entrou em tendência baixista, encerrando o último ano na faixa de R$ 1.180 a R$ 1.200, pressionado pela oferta interna, importações competitivas e resistência dos moinhos a preços mais elevados.

AGROLINK – Leonardo Gottems

Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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Agricultura

Entregas de fertilizantes avançam no mercado brasileiro

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A produção nacional de fertilizantes intermediários também apresentou avanço – Foto: Divulgação

O mercado brasileiro de fertilizantes apresentou crescimento consistente ao longo de 2025, refletindo maior demanda do setor agropecuário e avanço no volume de entregas ao produtor. Dados divulgados pela Associação Nacional para a Difusão de Adubos (ANDA) indicam que o desempenho positivo foi observado tanto no resultado mensal quanto no acumulado do ano.

Em setembro de 2025, as entregas ao mercado somaram 5,38 milhões de toneladas, volume 11,3% superior ao registrado no mesmo mês do ano anterior. No acumulado de janeiro a setembro, o total entregue chegou a 35,86 milhões de toneladas, alta de 9,3% em comparação com igual período de 2024, quando foram contabilizadas 32,80 milhões de toneladas.

Mato Grosso manteve a liderança no consumo nacional de fertilizantes, concentrando 22,5% do total entregue no país, o equivalente a 8,08 milhões de toneladas. Na sequência apareceram Paraná, com 4,51 milhões de toneladas, São Paulo, com 3,74 milhões, Rio Grande do Sul, com 3,54 milhões, Goiás, com 3,53 milhões, Minas Gerais, com 3,22 milhões, e Bahia, com 2,43 milhões de toneladas.

A produção nacional de fertilizantes intermediários também apresentou avanço. Em setembro de 2025, o volume produzido alcançou 713 mil toneladas, crescimento de 6,3% frente ao mesmo mês de 2024. No acumulado dos nove primeiros meses do ano, a produção totalizou 5,57 milhões de toneladas, aumento de 6,6% em relação às 5,23 milhões de toneladas registradas no mesmo intervalo do ano anterior.

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As importações somaram 3,91 milhões de toneladas em setembro de 2025, redução de 7,4% na comparação anual. De janeiro a setembro, porém, o volume importado atingiu 31,49 milhões de toneladas, expansão de 8,4% frente às 29,05 milhões de toneladas de 2024. O Porto de Paranaguá consolidou-se como principal porta de entrada do insumo, com oito milhões de toneladas importadas no período, o que representou 25,5% do total desembarcado nos portos brasileiros.

AGROLINK – Seane Lennon

Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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