Agricultura
Cooperativa de fruticultores se consolida na Serra Catarinense

Cooperados produzem cerca de duas mil toneladas de maçã por safra (Foto: Pablo Gomes / Epagri)
No alto da Serra Catarinense, a 50Km de Lages e 80 de São Joaquim, localiza-se um dos menores municípios do Estado, com menos de três mil habitantes. Pequeno em tamanho e população, mas gigante em uma iniciativa que conta desde sempre com o apoio da Epagri.
Esse caso de sucesso surgiu de necessidades dos produtores de maçã de Urupema. Não bastava a qualidade da fruta ser excelente se não existia o mínimo de estrutura para levá-la em perfeitas condições até o consumidor, cada vez mais exigente. Era preciso profissionalizar a cadeia produtiva, armazenar o produto adequadamente e comercializá-lo de forma organizada, de modo que os produtores conquistassem os ganhos que esperavam e mereciam.
A Epagri, então, os mobilizou e os ensinou sobre a importância e os benefícios do cooperativismo. Paralelamente, realizou treinamentos, auxiliou na confecção de documentos e na busca por financiamento para viabilizar a estrutura física.
E, assim, em julho de 2012, nasceu a Cooperativa Agropecuária de Urupema (Coopema), fundada a partir de todo um trabalho da Epagri, desde o convencimento dos produtores, passando pelos treinamentos e o cumprimento das exigências legais e burocráticas.
“A Coopema é uma das cooperativas catarinenses criadas por interferência da Epagri, que incentivou os produtores a trabalharem de forma associativa. A comunidade de Urupema se sente muito bem com uma empresa que é dela, pois cada cooperado tem a sua cota lá. Temos muito orgulho em fazer parte desta história”, diz o engenheiro agrônomo Názaro Vieira Lima, extensionista rural da Epagri na Gerência Regional de São Joaquim e que participou ativamente da criação da Coopema.
Produção e mão-de-obra genuinamente locais
Embora a fundação tenha ocorrido em julho de 2012, os trabalhos da cooperativa iniciaram, de fato, em fevereiro de 2018. Atualmente, a entidade é formada, basicamente, por pequenos produtores. Ao todo, cerca de 40 pomares associados e/ou parceiros somam cerca de duas mil toneladas de maçã na safra. Os trabalhos de seleção e embalagem das frutas são feitos por 20 colaboradores, a maioria mulheres da própria cidade.
A produção é comercializada, principalmente, nos estados da Bahia, Pernambuco, Maranhão e Espírito Santo. Em Santa Catarina, a maior parte da clientela está na Grande Florianópolis. E em mais um bom exemplo para o Estado, a Coopema aposta na sustentabilidade e investe em energia fotovoltaica (luz solar), empilhadeira elétrica para evitar a emissão de gás e coleta e reutilização da água da chuva.
“Nossa cooperativa é formada por pessoas daqui, que sempre estiveram envolvidas no campo, na fruticultura. Todas têm alguma ligação entre si. É uma comunidade bem próxima e que acaba se ajudando. A Epagri realiza um trabalho muito grande desde o início da nossa história, e nunca parou. Mudam os colaboradores, passam as pessoas, mas a mentalidade, a parceria e a colaboração continuam sempre as mesmas”, comenta o gerente da Coopema, Antônio Marcos Ghizoni.
Apoio da Epagri ocorre durante toda a vida da cooperativa
Como um pai que ensina o filho ainda criança e o acompanha por toda a vida, a Epagri presta uma assistência ininterrupta a entidades como a Coopema, orientando e viabilizando a participação em políticas públicas específicas, como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), SC Rural, Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

São programas que podem melhorar a vida dos produtores. Por isso, é importante que eles se mantenham sempre organizados. Desde o começo da mobilização, da constituição da cooperativa, independente de qual técnico está no município, a Epagri sempre estará junto. O atendimento não encerra ao fim do projeto. Pelo contrário. É uma continuidade, mesmo que em novas expectativas, novos projetos, especialmente para as famílias da agricultura familiar.
“A Epagri deu protagonismo para eles, não só com a organização social, mas também a viabilidade técnica, econômica, social e ambiental, que dá a sustentabilidade de todo o processo. Isso realmente está mudando a vida dos nossos agricultores familiares de Santa Catarina. É um motivo de satisfação ver as pessoas, a comunidade, a cooperativa, a cidade como um todo crescendo graças ao teu trabalho, ao trabalho dos teus colegas e da instituição que você representa”, conclui o engenheiro-agrônomo Aziz Abou Haten, extensionista rural da da Gerência Regional d a Epagri em Lages e que acompanha a vida da Coopema.
E, assim, a cidade mais fria do Brasil dá um exemplo que aquece o coração e enche de orgulho todos aqueles que, assim como os profissionais da Epagri e os associados e colaboradores da Coopema, defendem a incontestável tese de que a união faz a força.
(Com Pablo Gomes/Epagri/Fapesc)
Fernanda Toigo
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Agricultura
Brasil e Colômbia trocam experiências científicas sobre a vassoura de bruxa da mandioca

Foto: Adilson Lima/Embrapa
A Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA) recebeu, entre 15 e 19 de dezembro, a pesquisadora Alejandra Gil-Ordoñez, da Alliance Bioversity & Ciat, da Colômbia. Ela realizou atividades de pesquisa sobre a morte descendente da mandioca (popularmente chamada de vassoura de bruxa da mandioca), doença causada pelo fungo Ceratobasidium theobromae , recentemente identificada na região Norte.
Alejandra foi convidada pelo fitopatologista Saulo Oliveira , pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura que liderou as pesquisas sobre a doença em todo o Brasil. Em Cruz das Almas (BA), uma programação de estudos e intercâmbios aconteceu no Laboratório de Biologia Molecular, supervisionada pela analista Andresa Ramos , e conta com a participação de pesquisadores e bolsistas envolvidos nos trabalhos.
“O convênio se realizou para atender à emergência fitossanitária no Brasil. A ideia era transferir conhecimento para tratar de entender a doença, como ocorrer aqui suas particularidades e como conter o mais rápido possível a dispersão”, explica Alejandra. “Toda emergência fitossanitária é um tema urgente. Precisamos socializar o problema — porque muita gente não conhece — e, enquanto isso, ela pode chegar a outras localidades que as pessoas não estão familiarizadas com os sintomas.”
Entre as atividades realizadas no laboratório durante uma semana, houve a preparação de amostras de fungos encontrados no Amapá em 2023, 2024 e 2025 para comparar geneticamente com amostras da Guiana Francesa e da Ásia. “O foco foi o sequenciamento com marcadores microssatélites [SSR] para compreensão da estrutura populacional do fungo, sua diversidade e diferenças e semelhanças com populações asiáticas do patógeno”, informa Saulo.
Atividades no Amapá
Na semana anterior, acompanhado por Saulo, pelo pesquisador Éder Oliveira , recentemente transferido da Embrapa Mandioca e Fruticultura para a Embrapa Café (DF), e equipe da Embrapa Amapá , Alejandra conheceu os experimentos e visitou áreas afetadas pela vassoura de bruxa da mandioca na região do Oiapoque (AP), incluindo as aldeias indígenas Kariá, Galibí e Tukay. Ela trouxe e instalou uma armadilha de esporos que visa ao monitoramento em campo. “A armadilha de esporos foi montada para ser testada e, em breve, será destinada ao campo onde será realmente realizado o monitoramento”, diz Saulo.
No mesmo período, equipes da Embrapa instalaram experimentos com 210 genótipos de mandioca, sendo 160 da Embrapa Mandioca e Fruticultura. Os demais são de origem local e outros enviados pelo produtor Benedito Dutra, parceiro da Rede Reniva no Pará. “Esse trabalho de identificação dos genótipos e de preparação de área é feito pela pesquisadora Jurema Dias, o analista Jackson dos Santos, os técnicos Aderaldo Gazel e Izaque Pinheiro e outros colegas da Embrapa Amapá. São experimentos conjuntos, o que mostra que as Unidades estão trabalhando em parceria para solucionar o problema”, explica Saulo. “Vão ser verificadas características morfológicas que diferenciam as cultivares, como a cor e espessura das folhas e dos pecíolos, que poderiam ser, talvez,barreiras para o fungo, e genótipos que parecem ter algum tipo de resistência. Nesse caso, não é apenas uma observação de campo, mas uma experimentação científica, com delineamento, em que será possível extrair os dados, com a garantia de que o resultado não é por aleatoriedade”, afirma. Essas atividades estão sendo financiadas com recursos emergenciais destinadas a dois centros de pesquisa.
No Amapá, Alejandra relatou que existem diferenças no comportamento da doença na região amazônica e na Ásia. “Na Ásia, temos apenas um período intenso de chuvas enquanto na região amazônica há chuva praticamente todo o ano. Podemos dizer que, no Brasil, existem possíveis efeitos mais graves a curto prazo porque a doença está se disseminando mais rapidamente. Além disso, nas Américas a mandioca é um cultivo que tem importância cultural e de segurança alimentar maior que na Ásia. Unido a isso, nas comunidades indígenas, o vínculo é muito profundo com a mandioca, com sua conservação e com a conservação da diversidade porque a mandioca tem como centro de origem o Amazonas. São fatores socioeconômicos e socioculturais que devem chamar a atenção dos esforços governamentais para conter a doença”, alerta a pesquisadora.
Fonte: Assessoria/Léa Cunha
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Agricultura
Demanda sazonal pressiona mercado global de fertilizantes

As vendas de ureia ao consumidor final na Índia avançam – Foto: Canva
O mercado global de fertilizantes atravessa um período de forte movimentação, marcado por picos sazonais de consumo e por estratégias governamentais voltadas à segurança de suprimento. Segundo a AMR Business Intelligence, a demanda elevada em um dos principais mercados consumidores tem alterado o ritmo de vendas, estoques e decisões de importação, ao mesmo tempo em que acordos internacionais ganham peso no planejamento de médio prazo.
As vendas de ureia ao consumidor final na Índia avançam para alcançar quase 6 milhões de toneladas em dezembro, volume que pode configurar um novo recorde mensal, impulsionado pela demanda típica da safra de inverno, conhecida como rabi. O ritmo acelerado de escoamento reduziu os estoques domésticos de 7,1 milhões para 6,3 milhões de toneladas em apenas duas semanas. Esse movimento levou a estatal NFL a antecipar uma licitação de importação para a compra de 1,5 milhão de toneladas, com encerramento previsto para 2 de janeiro. No acumulado do ano, o país, que figura como o maior importador global do insumo, já adquiriu 9,23 milhões de toneladas por meio de leilões internacionais.
Paralelamente, a política externa indiana reforça o papel estratégico dos fertilizantes. O primeiro-ministro Narendra Modi propôs dobrar o fluxo comercial bilateral com a Jordânia para US$ 5 bilhões em cinco anos, colocando o setor como um dos eixos centrais da cooperação, ao lado de energia e defesa. Em encontros de alto nível que contaram com a participação do rei Abdullah II, foram discutidos investimentos na indústria jordaniana para garantir o fornecimento estável de fosfatados à Índia. A iniciativa busca reduzir riscos de oferta em períodos de pico das safras e consolidar um corredor econômico entre o Sul da Ásia e o Oriente Médio.
AGROLINK – Leonardo Gottems
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Agricultura
Mercado de trigo entra em fase de ajuste no Sul

No Paraná, o cenário também é de paralisação – Foto: Canva
O mercado de trigo no Sul do país atravessa um período de baixa liquidez, pressão sobre preços e cautela generalizada dos agentes, após dois anos marcados por fortes oscilações. De acordo com a TF Agroeconômica, o comportamento observado em 2024 e 2025 reflete um esgotamento do ciclo de alta e a entrada em uma fase de ajuste estrutural, com efeitos distintos entre os estados produtores.
No Rio Grande do Sul, as negociações seguem praticamente suspensas, com expectativa de paralisações temporárias em moinhos para limpeza e férias coletivas. Estima-se que cerca de 1,55 milhão de toneladas da safra nova já tenham sido comercializadas, o equivalente a pouco mais de 40% da produção. Os preços do trigo para moagem giram entre R$ 1.100 e R$ 1.150 por tonelada no mercado local, enquanto no porto os valores ficam próximos de R$ 1.180 para dezembro e R$ 1.190 para janeiro. O trigo destinado à ração apresenta cotações ligeiramente superiores, e o mercado é descrito como confortável do lado da indústria, com pouca urgência de compra.
A análise dos últimos dois anos mostra que os preços no estado atingiram picos relevantes em meados de 2024 e no primeiro quadrimestre de 2025, superando R$ 1.450 por tonelada, antes de entrarem em uma trajetória de queda acentuada. No encerramento de 2025, as cotações recuaram para níveis próximos de R$ 1.030 a R$ 1.050, os menores do período. A combinação de boa oferta interna, qualidade inferior do grão, entrada concentrada da safra, concorrência do trigo importado e demanda cautelosa dos moinhos contribuiu para a perda de sustentação dos preços.
Em Santa Catarina, o mercado permanece travado, com moinhos apenas recebendo lotes já adquiridos e expectativa de parada quase total até o início do próximo ano. O estado ainda não concluiu a colheita, e há um descompasso entre vendedores, que mantêm ideias ao redor de R$ 1.200 FOB, e compradores, que se mantêm ausentes.
No Paraná, o cenário também é de paralisação, com preços nominais ao redor de R$ 1.250 por tonelada CIF no norte do estado. Após picos acima de R$ 1.550 em 2024 e no início de 2025, o mercado entrou em tendência baixista, encerrando o último ano na faixa de R$ 1.180 a R$ 1.200, pressionado pela oferta interna, importações competitivas e resistência dos moinhos a preços mais elevados.
AGROLINK – Leonardo Gottems
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
-

Agricultura4 dias atrásEntregas de fertilizantes avançam no mercado brasileiro
-

Agronegócio4 dias atrásGoiás amplia VBP da suinocultura após dois anos de queda
-

Agronegócio4 dias atrásClima favorece implantação do arroz no Rio Grande do Sul
-

Agronegócio4 dias atrásClima afeta desenvolvimento da mandioca no RS
-

Agronegócio4 dias atrásConsumo de carnes impulsiona demanda mexicana por grãos
-

Agricultura4 dias atrásTabaco: colheita e secagem ganham ritmo no RS
-

Economia4 dias atrásSafra de grãos cresce 20,7% em Santa Catarina
-

Agricultura4 dias atrásTomate mantém sanidade, apesar de focos de mosca-branca







































