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Agricultura

Artigo mostra como se identifica doença grave em citros

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O greening pode se manifestar através do amarelamento das folhas (Foto: Divulgação / Epagri)

 

Um estudo realizado por pesquisadores da Epagri e da Cidasc detectou a presença de Huanglongbing (HLB) em pomares do Oeste de Santa Catarina. O HLB, também conhecido com greening ou amarelão dos citros, é a principal e mais destrutiva doença que afeta todas as variedades cítricas. A doença é causada pela bactéria ‘Candidatus Liberibacter asiaticus’, transmitida pelo psilídeo asiático dos citros, Diaphorina citri.

O inseto vetor é pequeno, adulto mede entre 2,5mm a 3mm, tem coloração marrom-acinzentada e pode ser encontrado em qualquer parte da planta de citros.

Durante a alimentação, se inclina a 45° em relação à folha. Os estágios imaturos, ainda menores e de coloração amarelo-palha, são pouco móveis e tendem a se concentrar na brotação da planta. A transmissão da bactéria ocorre durante a alimentação, quando o inseto ingere a seiva do floema de uma planta doente e, posteriormente, inocula a planta sadia pelo mesmo processo.

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Esta bactéria se instala nos vasos de floema, espalhando-se  sistematicamente por toda a árvore. Os principais sintomas incluem folhas amareladas, com manchas irregulares que variam entre o verde e o amarelo, fenômeno conhecido como mosqueado. Quando os sintomas estão avançados, é observado o engrossamento da nervura da folha, que pode ficar opaca e áspera. Os sintomas podem começar em áreas específicas da árvore, que apresentam ramos amarelecidos, com perda de folhas, além da presença de frutos pequenos e disformes, com o eixo central torto e sementes abortadas, com sabor estranho. Os frutos também podem cair prematuramente.

No entanto, o greening é uma doença silenciosa, ou seja, após inoculada, a planta pode demorar entre seis a 12 meses até apresentar os sintomas. Os pesquisadores reforçam que não existem cultivares resistentes ou tratamentos terapêuticos eficazes para as árvores infectadas por HLB, ou seja, em poucos anos a árvore fica com a produção comprometida e acaba morrendo.

Psilídeo asiático dos citros observado em estereomicroscópio (Foto: Divulgação / Epagri)

SC se destaca na produção de mudas

O primeiro caso da doença no Brasil foi registrado em 2004, na região de Araraquara, no Estado de São Paulo, e foi classificado como uma doença quarentenária presente no Brasil. Diante deste cenário, o Ministério da Agricultura regulamenta que todas as unidades federativas do país realizem o monitoramento da doença em seus territórios. Em Santa Catarina o HLB foi detectado em 2022 por agentes da Cidasc e da Epagri. O país é o maior produtor de frutas cítricas do mundo e Santa Catarina possui um forte potencial de cultivo de citros para consumo in natura. A principal região produtora de citros é o Alto Vale do Itajaí, mas produções importantes também ocorrem no Oeste e Meio-Oeste. O Estado se destaca pela produção de mudas de alta qualidade na região de Rio do Sul, no Alto Vale do Itajaí.

Contudo, os pesquisadores alertam que, nos próximos anos, as mudanças climáticas podem alterar a distribuição de insetos e a incidência de doenças transmitidas por insetos vetores. Por isso, é fundamental que produtores rurais e a população urbana atuem em conjunto na prevenção das doenças que afetam os citros, especialmente porque essas enfermidades são agravadas pela presença de plantas comumente encontradas em áreas urbanas.

Trabalho conjunto entre Epagri e Cidasc

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A confirmação de casos de greening em Santa Catarina foi publicada na revista Tropical Plant Pathology. O texto, assinado pelos pesquisadores da Epagri, Maria Cristina Canale, Eduardo Cesar Brugnara, Luana Aparecida Castilho Maro, Rodolfo Vargas Castilhos e agentes da Cidasc, Solano Andreis, Volmir Frandoloso, Fabiane dos Santos, Fabiana Alexandre Branco e Alexandre Mees, apresenta o processo de investigação e detecção da doença na região Oeste.

O programa de monitoramento envolvendo as agências públicas do Estado foi iniciado em 2016, e contou com várias etapas que incluíram a inspeção de árvores, em todas as regiões de Santa Catarina, e a procura por insetos vetores com a presença da bactéria. Entre os anos de 2022 e 2023 os esforços se concentraram sobre 100 pomares comerciais de citros, todos registrados no banco de dados oficial do governo estadual. Os agentes de saúde vegetal da Cidasc observaram uma árvore de mandarina, em um pomar na cidade de Xanxerê, que apresentou indícios de HLB. O agricultor relatou que a planta apresentava aspecto incomum e baixa produção de frutos.

Depois de confirmado o diagnóstico, outras plantas do mesmo pomar foram analisadas e monitoradas. Outras duas árvores de Ponkan apresentaram sintomas, com folhas com sintomas de mosqueado e frutos deformados. Como parte de um plano de contingência implementado pela Cidasc, pomares próximos e plantas individuais situadas em um raio de 4Km do foco inicial foram inspecionadas. Novos casos de plantas infectadas foram detectados, o que levou os agentes a expandir a área de monitoramento. As plantas que positivaram para HLB estavam situadas nas cidades de Abelardo Luz, São Lourenço do Oeste, Guaraciaba, São José do Cedro, além de Xanxerê, onde foi detectada a primeira infecção. Simultaneamente, foram instaladas armadilhas para capturar e analisar os insetos para verificar a presença do patógeno. Ao todo, 14 insetos capturados nos municípios de Xanxerê e Guaraciaba testaram positivo para a bactéria causadora do HLB.

Em fevereiro de 2024, todas as árvores de um pomar em Ipuaçu estavam infectadas. No local também foram localizados 25 insetos, dos quais dois testaram positivo. Como medida preventiva, as 200 plantas foram removidas.

População de Santa Catarina deve ficar atenta às plantas com sintomas de HLB, em áreas urbanas e rurais (Foto: Divulgação / Epagri)

Introdução da doença em Santa Catarina

O artigo salienta que a origem da doença no território catarinense ainda é incerta, mas que existem algumas hipóteses, como migração do inseto vetor e o plantio de mudas infectadas. A proximidade com o estado do Paraná e com a Argentina, zonas com casos confirmados de HLB, tornam a região Oeste mais propensa à circulação do psilídeo, capaz de voar ativamente por 2,4Km. Por outro lado, a infecção de um pomar inteiro em Ipuaçu, sugere que as mudas infectadas tenham sido a fonte da doença.

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No entanto, os pesquisadores apontam que alguns fatores podem dificultar o ciclo de vida dos insetos no Oeste catarinense. As temperaturas mínimas entre 8 e 10°C registradas no inverno reduzem o número de gerações do psilídeo, já que ele se desenvolve melhor em temperaturas que variam entre 18 e 28 °C. Outro aspecto é a heterogeneidade da paisagem agrícola de Santa Catarina, que é caracterizada por terrenos irregulares e uma mistura de áreas cultivadas e não cultivadas, que atuam como uma barreira à dispersão do inseto vetor.

Prevenção e cuidados para o controle da doença

Ainda existem poucas informações concretas, mas há receio de que o HLB esteja presente em diversas regiões de Santa Catarina, especialmente no Oeste, afetando tanto pomares comerciais quanto áreas urbanas. Entretanto, ainda se acredita que o Estado possa recuperar o status de “livre da doença”, desde que os citricultores e a população urbana adotem medidas preventivas para conter sua disseminação.

O plano de contingência do HLB para Santa Catarina deve considerar as especificidades da produção local, baseada na agricultura familiar, e na dificuldade de manejo da doença. Por isso, é importante que a população conheça os sintomas e os riscos para a citricultura catarinense. Estas são algumas das medidas que podem ser adotadas para prevenir o  greening:

  • Inspeção regular dos pomares de citros e apresentação de relatórios semestrais.
  • Eliminação do patógeno através da remoção imediata das plantas infectadas por HLB.
  • Controle da população de psilídeos com uso de inseticidas químicos ou biológicos.
  • Plantio de mudas de citros sadias produzidas em viveiros protegidos contra insetos.
  • Não adquirir plantas produzidas ou mantidas em ambientes desprotegidos, como feiras de rua.
  • Em caso de suspeita, a Cidasc deve ser comunicada.

(Com Karin Helena Antunes de Moraes/Epagri/Fapesc)

Fernanda Toigo

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Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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Agricultura

Apenas acordo com os EUA resolve crise no setor madeireiro, diz Associação

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Foto: Pixabay

A Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci) divulgou nota nesta quinta-feira (14) sobre o pacote de medidas anunciadas pelo governo federal brasileiro para auxiliar empresas exportadoras atingidas pela tarifa aplicada pelos Estados Unidos (EUA).

Para a entidade, apesar de bem-vinda, a ajuda é apenas um alívio temporário e de ação paliativa, frente à crise que se instalou no setor madeireiro em decorrência da tarifação. 

“Para a Abimci, a solução está na negociação do governo federal brasileiro junto aos EUA para que haja uma adequação de taxas que possibilitem a manutenção das vendas dos produtos madeireiros para aquele mercado. Entretanto, observamos que esse não tem sido o foco e objetivo do governo brasileiro, apesar de outros países que foram taxados terem sido exitosos nas negociações diretas com os EUA, conseguindo reduzir suas tarifas”, destaca o texto. 

Contudo, a nota da entidade não cita o fato de o presidente Donald Trump ter vinculado a sobretaxa de 50% à interrupção do que entende como perseguição política ao ex-presidente Jair Bolsonaro, ação que o Executivo brasileiro não tem ingerência.

Produção parada e férias coletivas

De acordo com a Associação, após a implementação da nova alíquota pelos EUA, a situação do setor é extremamente preocupante. “Devido aos cancelamentos de contratos e paralisação de mercados, algumas empresas estão com parte da produção parada, outras deram férias coletivas parciais ou totais, pois não há mais espaço para armazenamento dos produtos já fabricados e que seriam destinados aos EUA.”

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Exemplo disso é a Millpar, fabricante de produtos à base de madeira, como guarnições e molduras, que concedeu férias coletivas de 15 dias a 640 funcionários de sua unidade de Guarapuava, no Paraná, em julho. Já a Sudati, especializada em compensados e MDF, também do Paraná, demitiu no final do mês passado 100 funcionários de duas unidades do estado.

Para a Abimci, embora o governo recomende a busca de novos mercados, tal alternativa é inviável para o setor madeireiro, tanto pelas características técnicas dos produtos, quanto pelas questões de volume e share de participação conquistado durante décadas junto ao mercado norte-americano. 

A entidade destaca que desde o anúncio da taxação, em 9 de julho, o setor tem se mobilizado e trabalhado intensamente na busca por soluções em diferentes frentes, junto aos governos federal e estaduais.

“Levamos informações, dados setoriais e de nossa balança comercial, mostramos qual o nível de dependência do mercado americano por segmento, impactos em empregos e abrangência regional. Todo esse trabalho de compilação visou subsidiar o governo para que as negociações com os EUA fossem pautadas pela diplomacia, argumentos técnicos e comerciais”, argumenta a nota.

No entanto, a Abimci diz observar com preocupação a ausência de ações efetivas por parte do governo brasileiro para fazer a negociação direta com os EUA, “nem antes, nem depois da confirmação da taxação”, diz o trecho. 

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‘Negociação não pode ser transferida’

A Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente reitera que qualquer progresso para melhorar a sobretaxa dos EUA ao Brasil passa, necessariamente, pela negociação governamental e de adequação das tarifas a níveis comercialmente viáveis. “E essa responsabilidade não pode ser transferida ao setor produtivo”, ressalta a entidade. 

Por fim, a nota da entidade arremata: “ou o governo brasileiro age com máxima urgência, adotando negociações técnicas e com isenção política e ideológica, ou seremos obrigados a assistir, impotentes, ao desaparecimento de cadeias produtivas consolidadas e ao consequente desmonte social nas comunidades que delas dependem.”

Exportação do setor aos EUA

O setor madeireiro exportou US$ 1,6 bilhão para os EUA em 2024, para onde são destinados, em média, 50% do total que o setor madeireiro produz no Brasil, diz a Abimci.

Conforme a entidade, alguns segmentos dependem exclusivamente do mercado norte-americano, com 100% de suas vendas atreladas a esse país.

Dados da Associação dão conta de que o impacto da aplicação das taxas norte-americanas nas empresas madeireiras coloca em risco aproximadamente 180 mil empregos diretos em todo o Brasil.

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Agricultura

Busca de novos mercados passa pela inserção do café verde no Reintegra, defende setor

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Foto: Freepik

Entre os 7.691 produtos atingidos pelo tarifaço de 50% imposto por Donald Trump está o café. As entidades que representam o setor lutam para entrar na lista de exceção com tarifa mínima de 10%, conforme acontecia desde abril.

A respeito do pacote de R$ 30 bilhões em crédito anunciados pelo governo às empresas afetadas, as entidades que representam os cafeicultores consideram bem-vindo, mas julgam que é preciso ampliar benefícios.

Exemplo disso é a inserção do café verde no Reintegra, visto que apenas os industrializados, torrados e moídos e os solúveis estão contemplados. Porém, de acordo com o diretor geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos, 90% de tudo o que o Brasil exporta para os Estados Unidos são cafés verdes beneficiados, prontos para a indústria norte-americana utilizar.

“Temos que colocar a NCM [Nomenclatura Comum do Mercosul] dos cafés verdes dentro do programa Reintegra e, aí sim, os exportadores serem atendidos de uma forma mitigadora de impactos dentro de uma agenda que se busca a negociação para se conviver o menor tempo possível com essas tarifas”.

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O programa Reitegra permite que empresas exportadoras recebam de volta parte dos tributos pagos durante a produção daquilo que é vendido. Segundo o governo, micro e pequenas empresas passarão a ter 6% de retorno, enquanto médias e grandes reincorporam 3%. O benefício se estende até dezembro deste por centro e o benefício vale até dezembro de 2026.

Vinte por cento da receita das exportações de café solúvel brasileiro vem dos Estados Unidos, o equivalente a cerca de US$ 200 milhões. As medidas anunciadas estão sendo revistas e o reintegra é aposta para este segmento a curto prazo.

“Para uma tarifa de 50%, 3% ajuda, mas ainda continuamos com 47% de diferença. Então isso quase que se torna uma medida que não sei se vai ter muito efeito prático, embora seja positiva”, considera o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), Agnaldo José de Lima.

Segundo ele, se o Reintegra for estendido a todas as exportações brasileiras, deixará o setor 3% mais competitivo em diversos outros mercados em que o Brasil atua. “Isso nos permite redirecionar exportações para países onde nós temos uma concorrência acirrada”, acredita.

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Agricultura

Governadores apoiam manter a realização da COP30 em Belém

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Foto: Prefeitura Municipal de Belém

Um grupo de 19 governadores e vice-governadores reiterou o seu apoio à realização da 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas (COP30) em Belém, no Pará, entre os dias 10 a 21 de novembro deste ano.

Os representantes estaduais assinaram uma declaração ressaltando o simbolismo de a convenção do clima ser realizada na Amazônia e manifestando confiança nos preparativos logísticos para a cidade sediar a reunião.

Os altos preços das acomodações em Belém têm gerado manifestações, principalmente de países menos desenvolvidos, sobre a impossibilidade de participação e um possível comprometimento da representatividade dos países partes na conferência. Representantes chegaram a questionar a possibilidade de transferência da sede do evento.

A declaração dos governadores diz que a COP30 expressa o compromisso dos estados brasileiros com as diretrizes climáticas mundiais “e com a necessária liderança do Brasil no enfrentamento dos desafios ambientais globais”.

Sustentabilidade na COP30

“O Brasil tem a oportunidade de construir e liderar a agenda da sustentabilidade e da transição econômica, ecológica e social para o mundo, a partir das práticas que já realiza em seu território”, disse o governador do Pará, Helder Barbalho, durante encontro do Fórum Nacional de Governadores, nessa quarta-feira (13), em Belém.

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O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, destacou, durante o evento, o papel dos estados no processo de enfrentamento à mudança do clima.

“O mundo estará olhando para o Brasil e nós teremos a oportunidade de mostrá-lo como um país de soluções. Pela diversidade brasileira, há projetos que funcionam em determinados estados e que podem servir de exemplo para outras regiões do mundo”, frisou o embaixador.

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