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Agricultura

Novo bioinseticida apresenta eficácia superior a 85% no controle da lagarta-do-cartucho

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Foto: Marina Pessoa

O novo inseticida biológico Virumix mostrou mais de 85% de eficácia no controle da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) em testes realizados no campo, em municípios do estado de Mato Grosso. Essa é uma das piores pragas agrícolas do Brasil porque ataca cerca de 200 diferentes culturas de importância socioeconômica, como milho, algodão, soja e arroz, entre outras. Além de ser indicado para todos os cultivos atingidos por essa praga, o produto agrega sustentabilidade aos resultados, uma vez que é produzido à base de um vírus entomopatogênico (específico contra o inseto e inofensivo a plantas, animais e seres humanos) chamado de Spodoptera multiple nucleopolyhedrovirus (SfMNPV).

Fruto de uma parceria público-privada, entre a Embrapa Milho e Sorgo (Unidade da Embrapa, de Sete Lagoas, MG), o Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMAmt) e a Cooperativa Mista de Desenvolvimento do Agronegócio (Comdeagro), o Virumix é o primeiro produto microbiológico na linha do IMAmt. Foi desenvolvido a partir do isolado 6 do Baculovirus spodoptera identificado pela Embrapa Milho e Sorgo.

Lançamento e inauguração de biofábrica

O lançamento do Virumix acontecerá no dia 3 de abril de 2025, às 10 horas, na Comdeagro, Unidade Sorriso, MT. O endereço é BR-163, Km 712, Unidade 7, Zona Rural.

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Na ocasião, será também inaugurada a biofábrica responsável pela fabricação do produto em larga escala para o mercado.

“O aumento da incidência da Spodoptera frugiperda, até mesmo em áreas cultivadas com plantas contendo biotecnologias, impacta os custos de produção, pela necessidade de inúmeras aplicações de agroquímicos. Isso nos levou a procurar soluções viáveis de controle da praga”, diz o diretor executivo do IMAmt e da Comdeagro, Álvaro Salles.

Segundo ele, o fato de ser desenvolvido à base de um vírus entomopatogênico traz benefícios ambientais, pois se trata de um produto altamente específico, que preserva todos os inimigos naturais (insetos), necessários ao equilíbrio das culturas. “É um bioinseticida seletivo, que pode ser utilizado junto com outros produtos no Manejo Integrado de Pragas (MIP), como inseticidas e fungicidas”, menciona Salles. Essa especificidade garante também segurança para os trabalhadores rurais, o que o torna recomendável para utilização em sistemas orgânicos de produção.

Salles ressalta ainda que o Virumix poderá ser utilizado por produtores de todos os portes, desde o familiar até o empresarial. “Inclusive, sua formulação em pó molhável facilita o armazenamento e a conservação do produto”, acrescenta.]

Controle biológico com baculovírus

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O pesquisador da Embrapa Fernando Hercos Valicente, que conduziu o desenvolvimento do Virumix, destaca que a eficácia do baculovírus para o controle da lagarta-do-cartucho está relacionada ao momento ideal para sua aplicação na lavoura.

“O processo deve considerar alguns fatores importantes e o primeiro deles é que a cultura deve ser monitorada semanalmente para se detectar o nível de ataque da lagarta-do-cartucho desde os estágios de desenvolvimento iniciais das plantas. O controle será melhor enquanto as lagartas estiverem com menos de 1,0 cm. Além disso, o horário da aplicação deve ser realizado nos períodos em que a temperatura esteja mais baixa, no início da manhã ou após as 16 horas”, recomenda Valicente.

Ele explica que é muito importante não perder a primeira aplicação, pois desse modo evita-se uma sobreposição de estádios larvais dessa praga na cultura. Em determinadas regiões, o ataque da lagarta, no cultivo do milho, por exemplo, se inicia uma semana após a germinação das sementes. “Por isso, é importante que o produtor conheça os primeiros sinais da presença dessa praga. A pulverização do baculovírus deve ser feita com o uso de um espalhante adesivo, para ter uma aplicação uniforme e atingir o alvo”, orienta o pesquisador.

Nova biofábrica vai comercializar o Virumix

O entomologista Jacob Crosariol Netto, do IMAmt, foi o responsável pela condução de parte dos ensaios realizados com o Virumix nas safras 2021/2022 e 2022/2023, em Primavera do Leste, Campo Verde e Rondonópolis.

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“É um produto bastante seguro contra a Spodoptera frugiperda. Nos nossos ensaios – a maioria com algodão e milho – constatamos alto desempenho e estabilidade, quando aplicado de forma correta, mesmo quando comparado com outros produtos de características semelhantes”, observa Crosariol Netto.

O Virumix será produzido em uma nova biofábrica em Sorriso, MT. Inicialmente, o produto será distribuído pela Comdeagro e depois deverá ser oferecido para venda por comerciantes e outros canais. “A embalagem, no lançamento, será de dois quilos do produto. Porém já estão sendo desenvolvidas outras de menor tamanho, para atender agricultores que necessitem utilizar dessa forma. Como a dosagem recomendada é 50 gramas/hectare, cada embalagem deverá ser utilizada em 40 hectares”, explica o diretor-executivo do IMAmt e da Comdeagro, Salles.

Produção mundial e nacional de bioinsumos

O mercado global de bioinsumos agrícolas já supera US$ 10 bilhões no segmento de produtos biológicos para controle de pragas e doenças, inoculantes, bioestimulantes e solubilizadores. A CropLife Brasil estima que a taxa anual de crescimento global até 2032 seja de aproximadamente 14%, valor três vezes maior que o atual, com os produtos de controle biológico representando mais de 50% deste mercado.

Segundo a chefe-adjunta de Transferência de Tecnologia da Embrapa Milho e Sorgo, Sara Rios, no Brasil, a adoção dos produtos biológicos também cresce exponencialmente, e a Embrapa, desde a sua origem, é pioneira em converter microrganismos e conhecimentos da biodiversidade brasileira em bioprodutos diferenciados para os sistemas produtivos do Brasil e do mundo, trazendo maior resiliência e sustentabilidade para a agricultura e os agricultores do nosso País. “A Embrapa é referência nacional e internacional em ciência aplicada de alto impacto e promove continuamente a inovação aberta, aumentando as capacidades tecnológicas a serviço da agricultura sustentável nacional”, enfatiza.

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Ainda de acordo com a CropLife Brasil, o Programa Nacional de Bioinsumos, bem como o Conselho Estratégico do Programa Nacional de Bioinsumos, foram instituídos pelo Decreto No 10.375, de 26 de maio de 2020. O objetivo do referido programa é, sobretudo, reduzir a dependência de insumos importados e alavancar, de forma sustentável, o uso do potencial da nossa biodiversidade.

O Brasil está consolidado entre os líderes mundiais em produção de bioinsumos agrícolas e esses produtos são estratégicos para o Manejo Integrado de Pragas. A Embrapa desenvolve e promove pesquisas e transferência de tecnologias, conhecimentos gerados pela ciência brasileira, que contribuem para adaptar as boas práticas agropecuárias, fomentando a competitividade e garantindo a segurança alimentar e nutricional. Essas tecnologias serão destacadas pela Embrapa durante os eventos da Jornada Pelo Clima, na Cop 30.

Parceria IMAmt, Comdeagro e Embrapa

O Virumix compõe um portfólio da Embrapa Milho e Sorgo no controle de pragas lepidópteras desafiadoras, como é o caso da lagarta-do-cartucho. “O desenvolvimento e lançamento comercial desse novo produto tecnológico, agora em escala TRL 8 (sistema completo, testado, qualificado e demonstrado), comprova a relevância da inovação aberta para a agricultura tropical a partir de tecnologias de alto impacto para o Brasil e o mundo, codesenvolvidas de forma conjunta com empresas parceiras”, diz Rios.

Álvaro Salles explica que a parceria do IMAmt com a Embrapa Milho e Sorgo existe há mais de dez anos. “O IMAmt e a Comdeagro são empresas criadas pelos produtores de algodão associados à Associação dos Produtores de Algodão do MT (Ampa). O IMAmt é responsável pela pesquisa e pelo desenvolvimento de novas tecnologias e assistência aos produtores, e a Comdeagro é o braço comercial do Instituto, responsável pela comercialização dos produtos desenvolvidos”, diz Salles.

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Segundo Álvaro Salles, a Ampa criou o IMAmt para desenvolver soluções de interesse da cotonicultura mato-grossense, e os bioinsumos sempre foram alvo das pesquisas do Instituto. Desde então, iniciou-se um grande programa de bioprospecção de microrganismos nos biomas do Mato Grosso e no semiárido brasileiro. O Virumix é um dos resultados dessas ações.

Fonte: Assessoria Embrapa

Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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Agricultura

Brasil e Colômbia trocam experiências científicas sobre a vassoura de bruxa da mandioca

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Foto: Adilson Lima/Embrapa

A Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA) recebeu, entre 15 e 19 de dezembro, a pesquisadora Alejandra Gil-Ordoñez, da Alliance Bioversity & Ciat, da Colômbia. Ela realizou atividades de pesquisa sobre a morte descendente da mandioca (popularmente chamada de vassoura de bruxa da mandioca), doença causada pelo fungo Ceratobasidium theobromae , recentemente identificada na região Norte.

Alejandra foi convidada pelo fitopatologista Saulo Oliveira , pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura que liderou as pesquisas sobre a doença em todo o Brasil. Em Cruz das Almas (BA), uma programação de estudos e intercâmbios aconteceu no Laboratório de Biologia Molecular, supervisionada pela analista Andresa Ramos , e conta com a participação de pesquisadores e bolsistas envolvidos nos trabalhos.

“O convênio se realizou para atender à emergência fitossanitária no Brasil. A ideia era transferir conhecimento para tratar de entender a doença, como ocorrer aqui suas particularidades e como conter o mais rápido possível a dispersão”, explica Alejandra. “Toda emergência fitossanitária é um tema urgente. Precisamos socializar o problema — porque muita gente não conhece — e, enquanto isso, ela pode chegar a outras localidades que as pessoas não estão familiarizadas com os sintomas.”

Entre as atividades realizadas no laboratório durante uma semana, houve a preparação de amostras de fungos encontrados no Amapá em 2023, 2024 e 2025 para comparar geneticamente com amostras da Guiana Francesa e da Ásia. “O foco foi o sequenciamento com marcadores microssatélites [SSR] para compreensão da estrutura populacional do fungo, sua diversidade e diferenças e semelhanças com populações asiáticas do patógeno”, informa Saulo.

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Atividades no Amapá

Na semana anterior, acompanhado por Saulo, pelo pesquisador Éder Oliveira , recentemente transferido da Embrapa Mandioca e Fruticultura para a Embrapa Café (DF), e equipe da Embrapa Amapá , Alejandra conheceu os experimentos e visitou áreas afetadas pela vassoura de bruxa da mandioca na região do Oiapoque (AP), incluindo as aldeias indígenas Kariá, Galibí e Tukay. Ela trouxe e instalou uma armadilha de esporos que visa ao monitoramento em campo. “A armadilha de esporos foi montada para ser testada e, em breve, será destinada ao campo onde será realmente realizado o monitoramento”, diz Saulo.

No mesmo período, equipes da Embrapa instalaram experimentos com 210 genótipos de mandioca, sendo 160 da Embrapa Mandioca e Fruticultura. Os demais são de origem local e outros enviados pelo produtor Benedito Dutra, parceiro da Rede Reniva no Pará. “Esse trabalho de identificação dos genótipos e de preparação de área é feito pela pesquisadora Jurema Dias, o analista Jackson dos Santos, os técnicos Aderaldo Gazel e Izaque Pinheiro e outros colegas da Embrapa Amapá. São experimentos conjuntos, o que mostra que as Unidades estão trabalhando em parceria para solucionar o problema”, explica Saulo. “Vão ser verificadas características morfológicas que diferenciam as cultivares, como a cor e espessura das folhas e dos pecíolos, que poderiam ser, talvez,barreiras para o fungo, e genótipos que parecem ter algum tipo de resistência. Nesse caso, não é apenas uma observação de campo, mas uma experimentação científica, com delineamento, em que será possível extrair os dados, com a garantia de que o resultado não é por aleatoriedade”, afirma. Essas atividades estão sendo financiadas com recursos emergenciais destinadas a dois centros de pesquisa.

No Amapá, Alejandra relatou que existem diferenças no comportamento da doença na região amazônica e na Ásia. “Na Ásia, temos apenas um período intenso de chuvas enquanto na região amazônica há chuva praticamente todo o ano. Podemos dizer que, no Brasil, existem possíveis efeitos mais graves a curto prazo porque a doença está se disseminando mais rapidamente. Além disso, nas Américas a mandioca é um cultivo que tem importância cultural e de segurança alimentar maior que na Ásia. Unido a isso, nas comunidades indígenas, o vínculo é muito profundo com a mandioca, com sua conservação e com a conservação da diversidade porque a mandioca tem como centro de origem o Amazonas. São fatores socioeconômicos e socioculturais que devem chamar a atenção dos esforços governamentais para conter a doença”, alerta a pesquisadora.

Fonte: Assessoria/Léa Cunha

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Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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Agricultura

Demanda sazonal pressiona mercado global de fertilizantes

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As vendas de ureia ao consumidor final na Índia avançam – Foto: Canva

O mercado global de fertilizantes atravessa um período de forte movimentação, marcado por picos sazonais de consumo e por estratégias governamentais voltadas à segurança de suprimento. Segundo a AMR Business Intelligence, a demanda elevada em um dos principais mercados consumidores tem alterado o ritmo de vendas, estoques e decisões de importação, ao mesmo tempo em que acordos internacionais ganham peso no planejamento de médio prazo.

As vendas de ureia ao consumidor final na Índia avançam para alcançar quase 6 milhões de toneladas em dezembro, volume que pode configurar um novo recorde mensal, impulsionado pela demanda típica da safra de inverno, conhecida como rabi. O ritmo acelerado de escoamento reduziu os estoques domésticos de 7,1 milhões para 6,3 milhões de toneladas em apenas duas semanas. Esse movimento levou a estatal NFL a antecipar uma licitação de importação para a compra de 1,5 milhão de toneladas, com encerramento previsto para 2 de janeiro. No acumulado do ano, o país, que figura como o maior importador global do insumo, já adquiriu 9,23 milhões de toneladas por meio de leilões internacionais.

Paralelamente, a política externa indiana reforça o papel estratégico dos fertilizantes. O primeiro-ministro Narendra Modi propôs dobrar o fluxo comercial bilateral com a Jordânia para US$ 5 bilhões em cinco anos, colocando o setor como um dos eixos centrais da cooperação, ao lado de energia e defesa. Em encontros de alto nível que contaram com a participação do rei Abdullah II, foram discutidos investimentos na indústria jordaniana para garantir o fornecimento estável de fosfatados à Índia. A iniciativa busca reduzir riscos de oferta em períodos de pico das safras e consolidar um corredor econômico entre o Sul da Ásia e o Oriente Médio.

AGROLINK – Leonardo Gottems

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Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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Agricultura

Mercado de trigo entra em fase de ajuste no Sul

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No Paraná, o cenário também é de paralisação – Foto: Canva

O mercado de trigo no Sul do país atravessa um período de baixa liquidez, pressão sobre preços e cautela generalizada dos agentes, após dois anos marcados por fortes oscilações. De acordo com a TF Agroeconômica, o comportamento observado em 2024 e 2025 reflete um esgotamento do ciclo de alta e a entrada em uma fase de ajuste estrutural, com efeitos distintos entre os estados produtores.

No Rio Grande do Sul, as negociações seguem praticamente suspensas, com expectativa de paralisações temporárias em moinhos para limpeza e férias coletivas. Estima-se que cerca de 1,55 milhão de toneladas da safra nova já tenham sido comercializadas, o equivalente a pouco mais de 40% da produção. Os preços do trigo para moagem giram entre R$ 1.100 e R$ 1.150 por tonelada no mercado local, enquanto no porto os valores ficam próximos de R$ 1.180 para dezembro e R$ 1.190 para janeiro. O trigo destinado à ração apresenta cotações ligeiramente superiores, e o mercado é descrito como confortável do lado da indústria, com pouca urgência de compra.

A análise dos últimos dois anos mostra que os preços no estado atingiram picos relevantes em meados de 2024 e no primeiro quadrimestre de 2025, superando R$ 1.450 por tonelada, antes de entrarem em uma trajetória de queda acentuada. No encerramento de 2025, as cotações recuaram para níveis próximos de R$ 1.030 a R$ 1.050, os menores do período. A combinação de boa oferta interna, qualidade inferior do grão, entrada concentrada da safra, concorrência do trigo importado e demanda cautelosa dos moinhos contribuiu para a perda de sustentação dos preços.

Em Santa Catarina, o mercado permanece travado, com moinhos apenas recebendo lotes já adquiridos e expectativa de parada quase total até o início do próximo ano. O estado ainda não concluiu a colheita, e há um descompasso entre vendedores, que mantêm ideias ao redor de R$ 1.200 FOB, e compradores, que se mantêm ausentes.

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No Paraná, o cenário também é de paralisação, com preços nominais ao redor de R$ 1.250 por tonelada CIF no norte do estado. Após picos acima de R$ 1.550 em 2024 e no início de 2025, o mercado entrou em tendência baixista, encerrando o último ano na faixa de R$ 1.180 a R$ 1.200, pressionado pela oferta interna, importações competitivas e resistência dos moinhos a preços mais elevados.

AGROLINK – Leonardo Gottems

Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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