Agronegócio
Três microrregiões concentram metade da produção nacional de algodão

Arquivo
Metade da produção brasileira de algodão veio de apenas três microrregiões em 2023: Parecis e Alto Teles Pires, no Mato Grosso, e Barreiras, na Bahia. O Brasil ocupa as primeiras posições na produção e exportação de algodão e laranja, além de soja, milho e carnes. Contudo, os cultivos e criações não estão distribuídos uniformemente por todo o território nacional, com boa parte deles concentrada em algumas áreas. A plataforma on-line de dados sobre logística SITE-MLog (Sistema de Inteligência Territorial Estratégica da Macrologística Agropecuária), desenvolvida pela Embrapa Territorial (SP), mostra como os dez principais produtos agropecuários para exportação estão distribuídos no Brasil.
A laranja, por exemplo, está tradicionalmente centralizada em São Paulo. Mesmo dentro do estado, a concentração é grande: as microrregiões de Avaré, Bauru, Botucatu e São João da Boa Vista respondem por um quarto da colheita da fruta.
Nas cadeias de produção animal, a concentração é menor. A de bovinos é a que está menos concentrada: para chegar à metade da produção é preciso somar 56 microrregiões, nas cinco grandes regiões do País. É também a atividade agropecuária com maior participação do Norte: Pará, Rondônia e Tocantins têm áreas de destaque no efetivo de rebanho de bovinos. As granjas de frangos e suínos estão na direção oposta, com ocorrência predominante na região Sul.
O que explica
O analista André Rodrigo Farias, da Embrapa Territorial (SP), explica que os diferentes níveis de concentração das atividades agropecuárias podem resultar de fatores como as características dos produtos e dos sistemas de produção. “A cultura do algodão, por exemplo, exige maquinário e estruturas de processamento e beneficiamento bastante específicas, o que demanda importantes investimentos a longo prazo. Isso restringe a ampliação da área de produção e favorece a concentração nos locais mais competitivos”, avalia.
Em alguns casos, aspectos culturais e históricos têm papel relevante na especialização dos territórios. “A produção de frangos e suínos, concentrada principalmente em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, está bastante relacionada à própria história de colonização desses estados e à estrutura fundiária marcada pela agricultura familiar. O conhecimento acumulado nessas cadeias produtivas, associado ao sucesso do modelo de integração das propriedades familiares por meio de cooperativas, impulsiona a atividade na região”, pontua Farias.
A bovinocultura, por outro lado, foi uma das primeiras atividades agropecuárias do País, utilizada em diferentes regiões. “É uma atividade que pode ter diferentes níveis tecnológicos e, inclusive, ocorrer com baixa incorporação de maquinário e implementos. Isso favorece a desconcentração no território nacional, ainda que permaneçam existindo regiões de destaque, com vantagens competitivas frente às outras”, compara o analista.
Café e eucalipto
Culturas perenes como café e eucalipto também formam polos de produção, pois exigem condições específicas de solo e clima, além de investimentos financeiros significativos. As florestas plantadas para produção de celulose e papel estão em polos espalhados em dez estados. Mas apenas três microrregiões somam um quarto da produção: Três Lagoas (MS), Bauru (SP) e Porto Seguro (BA). Algo parecido ocorre com o café: Minas Gerais é o estado com maior destaque. Mas o mapa com as microrregiões onde está 50% das safras exibe também pequenos polos de produção na Bahia, Espírito Santo, São Paulo e Rondônia.
“As duas culturas, café e eucalipto, têm a característica comum de serem perenes e exigentes de condições edafoclimáticas específicas, ou seja, necessitam de tipos de solos favoráveis, disponibilidade hídrica, temperaturas e precipitação adequadas nos ciclos produtivos, entre outros fatores físicos”, analisa Farias. Por serem culturas perenes, também demandam investimentos financeiros significativos para a formação das áreas de produção, o que geralmente é realizado em locais onde as condições ambientais, sociais e econômicas são mais favoráveis. “Esses fatores contribuem para a formação de polos de produção de café e eucalipto. Nesse sentido, as culturas se diferem, por exemplo, de soja e milho, que são inseridas nos sistemas de produção, permanecem por três a quatro meses no campo e são cultivadas em janelas de tempo específicas ao longo do ano, o que amplia as possibilidades de cultivo em diferentes regiões do Brasil”.
Cana-de-açúcar e grãos
A produção de cana-de-açúcar vem crescendo para além do estado de São Paulo. O mapa com as localidades que respondem por metade da produção do País abrange também outros três estados, mas nas proximidades do território paulista: Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. São 20 microrregiões, de onde se colheu quase 400 milhões de toneladas da matéria-prima para açúcar e etanol em 2023.
Compartilhando áreas e estruturas de transportes e armazenagem, a soja e o milho distribuem-se de forma parecida pelo território nacional. Mesmo presentes em quase todos os estados, o volume de produção desses grãos é bastante concentrado na área central do País. Em 2023, um quarto de todo o milho nacional saiu de apenas quatro microrregiões: Alto Teles Pires (MT), Dourados (MS), Sinop (MT) e Sudoeste de Goiás (GO). No caso da soja, seis microrregiões responderam por um quarto da produção.
A concentração das cadeias produtivas no território influencia fortemente a logística e, por isso, a análise desse fator integra o SITE-MLog. “Em produções bastante concentradas, o foco está em aumentar a eficiência das rotas já estabelecidas para exportação. No caso do café e da laranja, o escoamento se dá majoritariamente por meio do porto de Santos (SP). Em casos de produções menos concentradas, como o caso da bovinocultura e, principalmente, das culturas da soja e milho, há uma disputa constante entre as diferentes opções logísticas para a exportação”, explica Farias.
Essa disputa inclui as escolhas de modal de transporte (rodoviário, ferroviário ou hidroviário), o porto marítimo para exportação e possíveis infraestruturas para armazenamento e transbordo das cargas. O analista complementa: “A análise de concentração também é relevante para estratégias de incremento de produtividade e o incentivo à adoção de novas tecnologias, cujas ações podem ser direcionadas para aquelas regiões que mais concentram os volumes de produção, potencializando a eficácia das medidas”.
Sobre o SITE-MLogO Sistema de Inteligência Territorial Estratégica da Macrologística Agropecuária (SITE-MLog) é uma plataforma interativa desenvolvida pela Embrapa Territorial que organiza dados sobre a produção, exportação e infraestrutura logística de dez cadeias produtivas do agronegócio brasileiro: algodão, bovinos, café, cana-de-açúcar, galináceos, laranja, madeira para papel e celulose, milho, soja e suínos. Gratuito e acessível no portal da Embrapa, o sistema permite gerar mapas e gráficos a partir de informações oficiais, apoiando análises rápidas e estratégias mais eficientes para o setor público e privado. Lançado em 2018 e atualizado em 2024, o SITE-MLog traz painéis dinâmicos sobre a produção agropecuária. A análise de concentração espacial pode ser feita para todo o território nacional, mas também para cada uma das cinco grandes regiões brasileiras ou para o nível estadual. “A estatística de concentração é variável de acordo com o recorte. Ou seja, o grupo de microrregiões com destaque na produção nacional Brasil é diferente do grupo de uma região, bioma ou estado. Isso permite o refinamento dos dados e das informações para apoiar decisões em prol do desenvolvimento dos diferentes territórios da agropecuária”, explica o chefe-geral da Embrapa Territorial, Gustavo Spadotti. O sistema também apresenta os fluxos de exportação por região e os portos utilizados, além da localização de armazéns e unidades de processamento como frigorífico e usinas sucroenergéticas. A ferramenta introduziu o conceito de bacias logísticas, que revela por qual porto cada microrregião brasileira exportadora embarca grãos (soja e milho) para o mercado internacional. Na nova versão, passou a estimar, de forma inédita, a demanda e oferta de nutrientes agrícolas, com base na produção regional e em indicadores científicos. Mais do que reunir dados dispersos, o SITE-MLog transforma registros brutos em informações geoespaciais de fácil compreensão. O sistema é utilizado por gestores públicos, pesquisadores e investidores para apoiar o planejamento de obras de infraestrutura, políticas públicas e decisões estratégicas no campo. |
Vivian Chies (MTb 42.643/SP) – Embrapa Territorial
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Agronegócio
Preços do Frango Sinalizam Recuperação em Setembro Após Queda de Quatro Meses

Foto: Julia Filirovska/Pexels
Levantamentos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) indicam que, pela primeira vez desde o surto de gripe aviária em maio, os preços médios da carne de frango registram aumento em relação ao mês anterior. Até o dia 24 de setembro, o frango congelado era negociado no atacado da Grande São Paulo a R$ 7,40/kg, alta de 6,3% sobre agosto. Apesar do crescimento, o valor ainda permanece abaixo dos R$ 8,60/kg registrados em maio de 2025.
Exportações impulsionam retomada dos preços
Pesquisadores do Cepea apontam que a recuperação dos preços está fortemente ligada ao reaquecimento das exportações brasileiras de carne de frango, que ajudam a reduzir a oferta no mercado interno. O retorno dos embarques à União Europeia, suspensos desde maio, e a expectativa de retomada das vendas à China contribuíram para a melhora do cenário, reforçando o otimismo do setor avícola nacional.
Setor avícola acompanha tendência positiva
O movimento de alta em setembro indica uma estabilização do mercado, após quatro meses consecutivos de queda. Produtores e comerciantes seguem atentos à evolução das exportações, que devem continuar determinando a dinâmica dos preços no país.
Fonte: Portal do Agronegócio
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Agronegócio
Oferta de animais de parceria pressiona preços do boi gordo no Brasil

Foto: Imagem Ilustrativa
O mercado físico do boi gordo no Brasil registrou desvalorização na última semana, com a arroba sendo negociada a preços mais baixos em diversas regiões do país. A entrada de animais oriundos de parcerias, por meio de contratos a termo, tem ampliado a oferta e pressionado as cotações.
Escalas de abate confortáveis para frigoríficos
Segundo o analista da Safras & Mercado, Fernando Iglesias, os frigoríficos, especialmente os de maior porte, mantêm escalas de abate confortáveis, em torno de oito a nove dias úteis na média nacional. Esse cenário é reforçado pelo aumento da oferta de gado de parceria.
Apesar disso, Iglesias ressalta que as exportações continuam sendo o principal fator de sustentação do mercado, com volumes significativos embarcados em 2025.
Preços do boi gordo por região
No dia 25 de setembro, as cotações da arroba do boi gordo, na modalidade a prazo, registraram as seguintes variações:
- São Paulo (Capital): R$ 300,00 a arroba, queda de 1,64% frente aos R$ 305,00 da semana anterior.
- Goiás (Goiânia): R$ 285,00 a arroba, retração de 1,72% em relação aos R$ 290,00 do fechamento passado.
- Minas Gerais (Uberaba): R$ 285,00 a arroba, recuo de 1,72% frente aos R$ 290,00 da semana anterior.
- Mato Grosso do Sul (Dourados): R$ 325,00 a arroba, leve alta de 0,62% frente aos R$ 323,00 da semana anterior.
- Mato Grosso (Cuiabá): R$ 295,00 a arroba, queda de 1,67% frente aos R$ 300,00 da semana passada.
- Rondônia (Vilhena): R$ 280,00 a arroba, baixa de 1,75% em relação aos R$ 285,00 da semana anterior.
Atacado registra retração nos preços da carne
No mercado atacadista, os preços também apresentaram queda, reflexo de uma reposição mais lenta entre atacado e varejo.
De acordo com Iglesias, a expectativa é de melhora na primeira quinzena de outubro, com a entrada dos salários na economia. No entanto, ele observa que a carne de frango mantém maior competitividade em relação à bovina, favorecida pelo preço mais acessível.
- Quarto traseiro: R$ 23,35/kg, queda de 3,11% frente aos R$ 24,10/kg da semana anterior.
- Quarto dianteiro: R$ 17,50/kg, retração de 2,78% em relação aos R$ 18,00/kg da semana anterior.
Exportações em alta em 2025
As exportações de carne bovina fresca, congelada ou refrigerada somaram US$ 1,179 bilhão em setembro (15 dias úteis), com média diária de US$ 78,63 milhões. No período, foram embarcadas 209,6 mil toneladas, média de 13,9 mil toneladas por dia, a um preço médio de US$ 5.626,20 por tonelada.
Em comparação com setembro de 2024, os embarques apresentaram crescimento expressivo:
- +45,4% no valor médio diário exportado;
- +16,6% na quantidade média diária;
- +24,6% no preço médio por tonelada.
Os dados foram divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Fonte: Portal do Agronegócio
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Agronegócio
Mercado de algodão segue moderado no Brasil, enquanto custos e exportações preocupam produtores

foto: assessoria/arquivo
O mercado brasileiro de algodão registrou uma semana de comercialização moderada, marcada por negócios pontuais tanto no mercado spot quanto em contratos para entrega futura, com destaque para 2026.
Segundo a Safras Consultoria, os preços internos chegaram a apresentar ganhos em alguns dias, mas, na média semanal, permaneceram no mesmo patamar.
No CIF de São Paulo, a pluma foi negociada a R$ 3,68 por libra-peso, valor idêntico ao registrado na quinta-feira (18). Em Rondonópolis (MT), a cotação ficou em R$ 3,49 por libra-peso (R$ 115,26 por arroba), representando uma leve queda de R$ 0,04/arroba em relação à semana anterior.
Custos de produção da safra 25/26 sobem em Mato Grosso
De acordo com relatório do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), o custeio da safra 2025/26 de algodão em Mato Grosso foi estimado em R$ 10.776,94 por hectare em agosto, alta de 0,56% frente ao levantamento de julho.
Os principais responsáveis pelo aumento foram os custos com defensivos (+0,65%) e com fertilizantes e corretivos (+0,47%).
Na comparação anual, os custos estão 12,27% mais altos do que na safra 2024/25. O gasto com pós-produção foi o que mais cresceu, disparando 104,90%. O Custo Operacional Efetivo (COE) atingiu R$ 15.407,20/ha, maior patamar desde a safra 2022/23, com aumento de 0,23% no mês e 17,69% em relação ao ano anterior.
O cenário reforça a preocupação dos cotonicultores diante da combinação de custos crescentes e preços estáveis.
Exportações de algodão em queda em setembro
As exportações brasileiras de algodão totalizaram 104,6 mil toneladas nos primeiros 15 dias úteis de setembro, segundo dados da Secex/Ministério da Economia. A média diária foi de 6.974 toneladas, gerando uma receita de US$ 168,8 milhões (média de US$ 11,2 milhões por dia).
Em relação ao mesmo período de 2024, houve uma queda de 13,6% no volume diário exportado (8.073 toneladas/dia no ano passado) e de 22,3% na receita diária (US$ 14,4 milhões/dia em setembro de 2024).
Fonte: Portal do Agronegócio
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
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