Economia
Nova tecnologia mede segurança sanitária de granjas de suínos

Foto: Luiza Biesus
Um novo software desenvolvido pela Embrapa Suínos e Aves (SC) avalia e fortalece a biosseguridade — o conjunto de práticas que protegem os rebanhos contra doenças, em granjas de produção de suínos. Chamado de BiosSui, o sistema foi testado em campo no Paraná, um dos principais polos suinícolas do País. A ferramenta gera indicadores de adequação e organiza recomendações para melhoria no sistema de produção e pode ser utilizada para apoiar a tomada de decisão de produtores, gestores e técnicos de agroindústrias e órgãos de defesa sanitária.
O software permite a coleta de dados em formulário web e disponibiliza dashboards, mapas, relatórios de desempenho e recomendações de melhorias. As granjas são avaliadas segundo 23 critérios de avaliação incluindo requisitos de biosseguridade externa e interna. Os critérios contemplam características de infraestrutura e procedimentos que são os principais pilares para proteger as granjas da entrada de patógenos. O BioSsui é uma tecnologia que embarca conhecimentos e resultados de pesquisa desenvolvidas pela Embrapa que resultaram em recomendações técnicas e subsídios à formulação de normativas de biosseguridade já adotadas em estados como o Paraná, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul e que se encontra em fase de implementação em outras regiões.
Brasil está entre os maiores produtores de suínos
O Brasil se destaca no mercado global de carne suína, como o quarto maior produtor e terceiro maior exportador. Um dos pilares desse protagonismo é o status sanitário do País, considerado livre de importantes doenças que ameaçam a produção. Essa posição se deve aos esforços de coordenação da cadeia produtiva e dos órgãos oficiais em assegurar o cumprimento de rígidos protocolos e normas de biosseguridade.
“As medidas de biosseguridade são fundamentais para a proteção dos rebanhos, redução de perdas, melhorias de produtividade e crescimento sustentável da cadeia produtiva. Assim, a disponibilidade de uma ferramenta que permita uma avaliação rápida e padronizada das condições das granjas orientando as tomadas de decisão é de suma importância para a suinocultura brasileira”, afirma o pesquisador Franco Muller Martins, líder do projeto que desenvolveu o BiosSui.
Necessidade de um padrão a ser adotado em escala

A ideia para desenvolver a ferramenta partiu da necessidade de protocolos para avaliar boas práticas de produção em projetos de pesquisa conduzidos pela Embrapa Suínos e Aves. “No que se refere à biosseguridade, as pesquisas indicavam que não havia uma ferramenta de avaliação, para uso padronizado em larga escala, adaptada ao sistema de produção da suinocultura brasileira”, afirma Martins.
A ferramenta permite gestão individualizada ou orientada a grupos de granjas, a exemplo de cooperativas, unidades de agroindústrias entre outros, facilitando a análise de conformidade, o ranqueamento de granjas e a formulação de programas de melhoria.
Validação contou com parcerias estratégicas
No início de 2024, através de workshops e reuniões técnicas realizadas no estado do Paraná, com o apoio do Sistema Ocepar, em que foram discutidas prioridades de pesquisa com a cadeia produtiva e entidades, a Embrapa Suínos e Aves identificou a oportunidade de validar a ferramenta. Assim, foram estabelecidos acordos de cooperação com a Frimesa e com a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) juntamente com a Associação Paranense de Suinocultores (APS).
Localizada no oeste do Paraná, a Frimesa é uma cooperativa central, uma das principais indústrias de carne suína do País. Os suínos abatidos são produzidos pelas cooperativas filiadas – Lar, Copacol, Copagril, C.Vale e Primato e produtores associados. A Adapar é a entidade responsável defesa sanitária vegetal e animal no Paraná. Na suinocultura, a entidade é responsável pela fiscalização de granjas visando garantir a execução dos programas sanitários nacionais e estaduais, bem como o cumprimento de normas de biosseguridade. Martins ressalta que as parcerias constituíram uma ampla base produtiva para validação de campo do BiosSui.
Graças aos acordos, a equipe da Embrapa realizou testes piloto com a ferramenta, realizou ajustes e passou orientações a gestores e técnicos de campo vinculados à cooperativa e fiscais da Adapar. “Na etapa de validação, a interação com os parceiros foi fundamental ajustar critérios à realidade das granjas gerando mais confiabilidade para a ferramenta” explica o analista da Embrapa Marcos Morés, especialista em patologia suína, integrante da equipe do projeto.

O software BiosSui
O software é composto por três módulos principais: Avaliação, Simulação de Melhorias e Dashboards. No primeiro módulo, o de Avaliação, a situação da granja é registrada por meio de um questionário, possibilitando que os índices de biosseguridade sejam calculados e avaliados
O segundo módulo é responsável pela geração de recomendações técnicas para adequação das granjas. Essa funcionalidade permite ao usuário simular o impacto que melhorias na infraestrutura e no manejo da granja podem exercer no índice de biosseguridade.
O terceiro, possibilita acompanhar os índices por meio de dashboards e mapas interativos, facilitando a análise tanto em nível de propriedade quanto do grupo ao qual ela pertence. De acordo com o analista Geordano Dalmédico, que atuou no desenvolvimento do BiosSui, “os dashboards possibilitam aos gestores terem acesso ao panorama geral e detalhar informações por meio da interação com os próprios gráficos e mapas”.
A ferramenta também disponibiliza relatórios e possibilita a exportação de dados, para a análise de resultados, com aplicação de filtros e classificação dos resultados, a fim de obter insights sobre a situação das granjas. Também permite que os dados sejam exportados para análises específicas em softwares estatísticos, por exemplo.
Biosseguridade: pilar da suinocultura brasileira
Manter a produção livre de doenças também representa uma oportunidade estratégica para o Brasil no cenário internacional. O País é hoje um dos maiores exportadores de proteína animal do mundo, e sua produção é reconhecida por ser livre de enfermidades graves como a Peste Suína Africana (PSA) e a Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos (PRRS).
Esse status sanitário diferenciado é fruto do investimento contínuo em biosseguridade e vigilância ativa. “A biosseguridade protege os rebanhos suínos em várias camadas. O trabalho focado na importação de animais e material genético tem abrangência nacional e tem funcionado muito bem, fruto de um esforço público privado que inclui protocolos e o quarentenário de Cananéia”, explica a pesquisadora Jalusa Kich.
“No Brasil, o serviço veterinário oficial de defesa sanitária é coordenado pelo Mapa e executado pelos estados, e por isso que estamos enxergando esse movimento de normatização de biosseguridade mínima nas granjas, em apoio aos programas sanitários oficiais, especificamente o Programa Nacional de Sanidade Suídea (PNSS) e demais programas que incluem os suínos”, detalha Kich. Todas as granjas registradas no serviço oficial estão submetidas a este regramento e fiscalização.
Outra frente de interesse é a suinocultura industrial, tanto as granjas como as corporações devem estar engajadas no avanço da biosseguridade como proteção do seu negócio. Nesse nível, além do regramento oficial, o entendimento técnico das vantagens de manter os rebanhos saudáveis, evitando a entrada de doenças e mitigando o impacto de patógenos endêmicos, atribui à biosseguridade o status de protetora da suinocultura nacional, de acordo com os pesquisadores.
“Os produtores e as agroindústrias devem reforçar os protocolos, considerando os principais pontos de risco em suas rotinas. Mais do que uma prática técnica, a biosseguridade se tornou uma estratégia nacional de proteção e competitividade”, reforça Martins.
Fonte: Assessoria
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Economia
Município de MT aposta em diagnóstico para destravar apoio à agricultura familiar

Contag
A Prefeitura de Bom Jesus do Araguaia (866 km de Cuiabá) deu o primeiro passo para estruturar uma política permanente voltada à agricultura familiar. A Portaria 610/2025 publicada nesta sexta-feira (26.12) no Diário Oficial da Associação dos Municípios Mato-grossenses (AMM), institui uma equipe técnica responsável pela elaboração do Plano Municipal da Agricultura Familiar, documento exigido para organizar dados do setor e orientar ações públicas no campo.
Na prática, o plano vai funcionar como um diagnóstico detalhado da realidade dos pequenos produtores do município. A equipe terá a missão de levantar informações sobre produção, renda, infraestrutura, assistência técnica, acesso a crédito e principais dificuldades enfrentadas pelas famílias que vivem da agricultura familiar.
O trabalho prevê a realização de oficinas com produtores, cooperativas, instituições públicas e entidades da sociedade civil, além do mapeamento dos territórios rurais. A ideia é reunir as demandas do campo em um único documento, que servirá de base para definir prioridades e buscar recursos junto aos governos estadual e federal.
A criação do plano também insere Bom Jesus do Araguaia no Sistema Estadual Integrado da Agricultura Familiar de Mato Grosso, mecanismo que reúne os municípios e facilita o acesso a políticas públicas, programas de apoio, compras institucionais e ações de assistência técnica. Sem esse planejamento formal, o município tende a ficar de fora de iniciativas que exigem diagnóstico e planejamento prévios.
A equipe técnica é formada por representantes da assistência técnica, da Secretaria Municipal de Agricultura, da agricultura familiar, de cooperativa local e do Incra. O prazo para conclusão dos trabalhos é de até 365 dias, podendo ser prorrogado, o que abre espaço para acompanhamento e cobrança dos resultados ao longo de 2026.
Embora não traga recursos imediatos, a iniciativa cria as condições para que a agricultura familiar do município deixe de atuar de forma dispersa e passe a integrar políticas estruturadas de desenvolvimento rural, com impacto direto na renda das famílias, na segurança alimentar e na economia local de Bom Jesus do Araguaia, sob responsabilidade da Prefeitura Municipal de Bom Jesus do Araguaia.
Isadora Sousa/VGNAgro
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Economia
Exportações do agro mineiro batem recorde em 2025

Foto: Divulgação
De acordo com o Informativo Conjuntural de dezembro publicado pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) de Minas Gerais O desempenho das exportações do agronegócio mineiro, de janeiro a novembro de 2025, revela um panorama de resiliência estratégica e inteligência comercial, em que a valorização do produto superou o volume, garantindo um crescimento robusto de 12,9% na receita, que atingiu US$ 18,1 bilhões, recorde da série histórica, que já superou o valor anterior do ano fechado de 2024 (US$ 17,1 bi). Este cenário, marcado por um aumento na participação do setor na pauta estadual (43,7%), sublinha a maturidade do agronegócio mineiro em capitalizar o cenário internacional de preços, mitigando o leve, mas notável, recuo de 6,6% no volume físico embarcado.
O café, mais uma vez, mantém sua posição histórica de carro-chefe. Embora tenha registrado uma queda no volume exportado de -12,5% (25 milhões de sacas), a disparada do preço médio internacional em 61% (de US$ 4.212/t para US$ 6.807/t) impulsionou a receita em notáveis 41,4% de crescimento, totalizando US$ 10,16 bilhões. Essa forte correlação entre preço e receita evidencia a capacidade de Minas Gerais de negociar sua principal commodity com alta rentabilidade, transformando um desafio logístico ou produtivo (a redução do volume) em retorno financeiro.
Enquanto o café reafirma sua liderança com desempenho robusto — e o complexo de carnes (US$ 1,7 bi e 463 mil toneladas), impulsionado principalmente pela bovina, aproveita um momento favorável de preços e demanda crescente — outros setores tradicionais do agronegócio mineiro não tiveram a mesma trajetória positiva. A soja (US$ 2,8 bilhões e 7 milhões de toneladas) sentiu os efeitos de uma procura internacional mais moderada e de preços globais em queda, enquanto o setor sucroalcooleiro (US$ 1,9 bilhão) navegou por um cenário de ajustes e perda de competitividade. O resultado é uma queda no valor exportado desses segmentos de grande volume, mostrando o quanto eles permanecem sensíveis às variações do mercado mundial.
Em contraste, os nichos de maior valor agregado revelaram uma força surpreendente e, mais do que isso, apontam para uma mudança estratégica no perfil das exportações de Minas. Ovos e derivados lideram o avanço com um crescimento expressivo de 149,6%, seguidos de perto pelas frutas, com alta de 75,1%. Produtos oleaginosos (exceto soja) cresceram 71,3%, alimentos diversos registraram 55,2% e o mel natural avançou 31,4%. Esses resultados, embora ainda representem volumes menores, reforçam um movimento claro: Minas está ampliando sua presença em mercados mais especializados, construindo uma pauta mais diversa, mais resiliente e capaz de gerar valor mesmo em cenários globais desafiadores.
Ao todo foram contabilizados 177 países, sendo China (US$ 4,3 bi), EUA (US$ 1,8 bi), Alemanha (US$ 1,7 bi), Itália (US$ 967 milhões) e Japão (US$ 915 milhões), os principais. Mesmo com a China dominando amplamente com 24% das aquisições, os países que apresentaram maior crescimento em valor foram Turquia (65%), Japão (58%) e Itália (44%), o que sinaliza uma forte diversificação em mercados europeus e asiáticos. A análise dos destinos corrobora a tese de alta valorização. Embora a China continue sendo o principal comprador (23,9% do total), o crescimento das exportações para mercados premium como Japão e Alemanha é significativo. Estes países pagam um preço médio por quilograma até dez vezes superior a grandes consumidores de commodities (US$ 5,92/kg na Alemanha contra US$ 0,57/kg na China), indicando que Minas Gerais está, cada vez mais, fornecendo produtos diferenciados, processados e de alta qualidade.
Assim, o desempenho das exportações do agronegócio de Minas Gerais em 2025 não é apenas um feito quantitativo, mas sim uma demonstração de qualidade e estratégia. A alta de 20,4% no preço médio geral das exportações (US$ 1,18/kg) indica que o estado soube navegar em um cenário de menor volume, focando na rentabilidade e na consolidação de mercados que demandam e pagam por valor agregado. Tal estratégia não apenas maximiza a receita atual, mas também posiciona o agronegócio mineiro de forma mais resiliente contra futuras volatilidades de preço das commodities de baixo valor agregado.
AGROLINK – Seane Lennon
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
Economia
Safra de grãos cresce 20,7% em Santa Catarina

Foto: Divulgação
A Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Sape) encerra 2025 com a execução de mais de R$ 503,5 milhões em ações, programas e convênios voltados ao fortalecimento do setor agropecuário catarinense. Os dados, atualizados até 12 de dezembro, indicam a formalização de mais de 87,2 mil contratos para apoio aos produtores rurais em todo o estado.
O desempenho da produção agrícola marcou o ano. Santa Catarina registrou safra recorde de grãos em 2024/25, com crescimento de 20,7% em relação ao ciclo anterior, segundo o Observatório do Agro Catarinense. As exportações de carnes também alcançaram resultados inéditos. Entre janeiro e novembro, o estado exportou 1,83 milhão de toneladas, com receita de US$ 4,07 bilhões, o melhor desempenho da série histórica iniciada em 1997.
Entre os projetos estruturantes, avançou o SC Rural 2, em fase final de tramitação, com investimento previsto de US$ 150 milhões, sendo US$ 120 milhões financiados pelo Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento e US$ 30 milhões de contrapartida estadual. A iniciativa busca ampliar renda, competitividade e resiliência frente a eventos climáticos extremos. Outro destaque foi a aprovação do Programa Coopera Agro SC, que prevê até R$ 1 bilhão em linhas de crédito para cooperativas, agroindústrias e produtores integrados.
Na defesa agropecuária, a Sape publicou a Portaria nº 50/2025, que estabelece diretrizes de biosseguridade para a suinocultura tecnificada, e lançou o Programa de Apoio às Medidas de Biosseguridade, com financiamentos de até R$ 70 mil por produtor. Também foi publicada a Portaria nº 63/2025, que define condições para a autorização excepcional do plantio de soja no estado.
O setor florestal foi contemplado com o lançamento do Inventário e Mapeamento de Florestas Plantadas, desenvolvido em parceria com a Udesc, que identificou mais de 950 mil hectares de Pinus e Eucalyptus. Já na sanidade animal, a Sape e a Cidasc intensificaram ações preventivas após o foco de Influenza Aviária no Rio Grande do Sul, mantendo Santa Catarina sem registros da doença na produção comercial.
A fruticultura também recebeu apoio emergencial. Em São Joaquim, produtores de maçã afetados por granizo foram atendidos por programas que autorizam financiamentos de até R$ 100 mil, sem juros, para reposição de mudas e reconstrução de estruturas. O Sistema Antigranizo foi ampliado e está presente em 13 municípios.
Na área de conectividade, seguem em tramitação projetos como o Sinal Bom, que prevê a instalação de 688 novas estações de rádio base 4G ou superior, e o Endereço Certo Rural SC, voltado ao georreferenciamento de matrículas e estradas rurais.
Ao longo de 2025, o Fundo de Desenvolvimento Rural aplicou R$ 256,8 milhões em programas que beneficiaram mais de 23 mil produtores. O programa Terra Boa recebeu R$ 114 milhões, atendendo mais de 63 mil agricultores. O Fundesa destinou R$ 17,5 milhões em indenizações por abate sanitário, enquanto os programas de crédito fundiário aplicaram mais de R$ 16 milhões. Convênios estaduais somaram R$ 84,8 milhões, além da entrega de 320 equipamentos agrícolas a 120 municípios.
AGROLINK – Seane Lennon
Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]
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