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Agricultura

Produção de mel se renova no Sudoeste do Paraná

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FOTO: Sistema Faep

A região Sudoeste está trilhando um caminho virtuoso para tornar-se um novo polo produtor de mel no Paraná. Essa percepção vem, principalmente, do aumento na demanda pelos cursos do Sistema FAEP/SENAR-PR nas áreas de apicultura e meliponicultura (manejo de abelhas sem ferrão). Entre 2016 e 2020, a média de treinamentos destas atividades na região era de cinco por ano. A partir de 2021, o número triplicou, fechando 2023 com 23 capacitações realizadas.

O crescimento da demanda acompanha uma tendência de mercado que ganhou força durante a pandemia do novo coronavírus: a busca por alimentos mais saudáveis e com propriedades terapêuticas, caso dos produtos da apicultura e meliponicultura (mel, própolis, geleia real e cera). No entanto, faltava conhecimento técnico para que os produtores do Sudoeste pudessem empreender com segurança. Neste momento, o Sistema FAEP/SENAR-PR entrou em campo.

“Começamos [este trabalho] já faz um tempo. A região Sudoeste tem boas condição para apicultura, pois são pequenas propriedades, muitas delas já tinham caixas de abelha. Mas faltava capacitação. Conseguimos isso com os cursos do SENAR-PR”, observa o extensionista do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), Eder Frozza, um dos responsáveis pelo fomento da atividade na região. “Depois que trouxemos o curso do Sistema FAEP/SENAR-PR-PR [para a região], eu mesmo comecei a produzir”, complementa o profissional, que obteve uma produção de duas toneladas de mel no ano passado.

Eder Frozza, do IDR-Paraná: fomento à apicultura nas escolas
Renda Extra

De acordo com a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), o número de apiários cadastrados no Paraná em 2023 aumentou 20% em relação a 2022, totalizando mais de 9,5 mil estabelecimentos. Muitos apiários vêm crescendo de forma exponencial na região nos últimos anos.

“A região Sudoeste tem um grande potencial. Os produtores sabem da importância da apicultura e da meliponicultura como alternativas de renda e suas contribuições social e ambiental. Estamos atentos às necessidades dos produtores e, juntamente com parceiros locais, estamos elaborando estratégias de capacitação e aperfeiçoamento”, detalha o supervisor da Regional Sudoeste do Sistema FAEP/SENAR-PR, Eduardo Marcante.

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Na esteira da capacitação veio a organização da atividade, com a formalização de associações de apicultores em vários municípios da região: Salto do Lontra, Nova Prata do Iguaçu e Nova Esperança do Sudoeste.

A Associação Lontrense de Apicultores e Meliponicultores (Alamel), formalizada no ano passado, hoje conta com 20 associados. Entre eles, Carina Berkembroch, produtora e tesoureira da entidade, que ingressou na atividade nos últimos anos por incentivo do Sistema FAEP/SENAR-PR e IDR-Paraná. “Antes a gente atuava em um sistema extrativista, não sabia cuidar das abelhas. Com os cursos do Sistema FAEP/SENAR-PR, aprendemos”, afirma Carina, que produz 400 quilos de mel por ano. Na propriedade dela, que conta com produção de grãos e leite, a apicultura entrou como fonte de renda extra.

Recentemente, a Alamel conseguiu, por meio de parceria com a Prefeitura de Salto do Lontra, um local para instalar a Casa de Mel, local onde serão alocados equipamentos para a extração do produto. “Temos desde o pequeno associado, com duas caixas, até o pessoal com mais de 100 caixas, entre abelhas com ferrão e sem ferrão. O único pré-requisito para entrar na associação é fazer um curso do Sistema FAEP/SENAR-PR”, explica Carina.

Carina Berkembroch, da Alamel: curso do Sistema FAEP/SENAR-PR é pré-requisito

Também em Nova Prata do Iguaçu, a Associação Pratense de Apicultura e Meliponicultura (Pratamel) está finalizando o processo de criação. Segundo Alceni Vanazi, produtor e secretário da entidade, já são mais de 25 membros. No seu caso, a opção pela apicultura se deu por conta dos benefícios para o meio ambiente e para outras culturas comerciais.

“Eu sempre quis trabalhar com abelhas, pois sei da importância delas para a polinização dos pomares e até da soja e do feijão. Também queria aproveitar melhor minha área de reserva legal”, afirma Vanazi. “Eu comecei na atividade de apicultor por conta do curso do Sistema FAEP/SENAR-PR, pois é preciso ter conhecimento”, completa.

Arranjo institucional

Responsável por grande parte dos cursos na área de apicultura na região, o instrutor do Sistema FAEP/SENAR-PR Joel de Almeida Schmidt destaca a organização dos produtores do Sudoeste e o papel das instituições no desenvolvimento econômico. “A apicultura precisa ter incentivo e isso está acontecendo no Sudoeste. O Sistema FAEP/SENAR-PR, o IDR-Paraná, as prefeituras e os sindicatos rurais têm participado ativamente”, avalia. Até então, muitos produtores atuavam na apicultura sem a qualificação necessária para o negócio despontar. “O pessoal conhecia alguma coisa [de apicultura], mas não dava valor para a qualidade. Ainda temos muito a fazer com o mel, precisamos dar uma alavancada, preparar o produtor para se tecnificar mais. Mas estamos no caminho”, conclui Schmidt.

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Abelhando nas escolas

Em 2022, o IDR-Paraná, em parceria com a Prefeitura de Salto do Lontra, por meio da Secretaria Municipal de Educação e o Fundação Banco do Brasil, desenvolveu o projeto “Abelhando na Escola”, voltado aos alunos do programa AABB Comunidade, que envolve jovens do município.
A proposta é aproximar o universo das abelhas do conhecimento das crianças, trabalhando temas como abelhas nativas da região, a importância social, ambiental e econômica dos insetos polinizadores, entre outros temas, sempre com foco na conscientização.
“Havia crianças que nunca tinham experimentado mel. Como trabalhar abelha com uma criança que não conhece o gosto de mel? Mobilizamos os produtores, entramos em contato com a Associação dos Apicultores do Sudoeste do Paraná (Aspar) e conseguimos que os membros doassem o alimento para distribuir aos alunos. Cada criança recebeu meio quilo de mel”, relembra o extensionista do IDR-Paraná, Eder Frozza, responsável pela ação no município.
O projeto contou com eventos teóricos e práticos, permitindo que o público escolar pudesse conhecer a importância dos insetos polinizadores, confeccionar iscas, capturar um enxame e visitar um meliponário.

(Com Sistema Faep)

Redação Sou Agro

Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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Agricultura

Demanda sazonal pressiona mercado global de fertilizantes

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As vendas de ureia ao consumidor final na Índia avançam – Foto: Canva

O mercado global de fertilizantes atravessa um período de forte movimentação, marcado por picos sazonais de consumo e por estratégias governamentais voltadas à segurança de suprimento. Segundo a AMR Business Intelligence, a demanda elevada em um dos principais mercados consumidores tem alterado o ritmo de vendas, estoques e decisões de importação, ao mesmo tempo em que acordos internacionais ganham peso no planejamento de médio prazo.

As vendas de ureia ao consumidor final na Índia avançam para alcançar quase 6 milhões de toneladas em dezembro, volume que pode configurar um novo recorde mensal, impulsionado pela demanda típica da safra de inverno, conhecida como rabi. O ritmo acelerado de escoamento reduziu os estoques domésticos de 7,1 milhões para 6,3 milhões de toneladas em apenas duas semanas. Esse movimento levou a estatal NFL a antecipar uma licitação de importação para a compra de 1,5 milhão de toneladas, com encerramento previsto para 2 de janeiro. No acumulado do ano, o país, que figura como o maior importador global do insumo, já adquiriu 9,23 milhões de toneladas por meio de leilões internacionais.

Paralelamente, a política externa indiana reforça o papel estratégico dos fertilizantes. O primeiro-ministro Narendra Modi propôs dobrar o fluxo comercial bilateral com a Jordânia para US$ 5 bilhões em cinco anos, colocando o setor como um dos eixos centrais da cooperação, ao lado de energia e defesa. Em encontros de alto nível que contaram com a participação do rei Abdullah II, foram discutidos investimentos na indústria jordaniana para garantir o fornecimento estável de fosfatados à Índia. A iniciativa busca reduzir riscos de oferta em períodos de pico das safras e consolidar um corredor econômico entre o Sul da Ásia e o Oriente Médio.

AGROLINK – Leonardo Gottems

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Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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Agricultura

Mercado de trigo entra em fase de ajuste no Sul

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importacao-de-trigo-em-2025-deve-registrar-o-maior-volume-da-historia

No Paraná, o cenário também é de paralisação – Foto: Canva

O mercado de trigo no Sul do país atravessa um período de baixa liquidez, pressão sobre preços e cautela generalizada dos agentes, após dois anos marcados por fortes oscilações. De acordo com a TF Agroeconômica, o comportamento observado em 2024 e 2025 reflete um esgotamento do ciclo de alta e a entrada em uma fase de ajuste estrutural, com efeitos distintos entre os estados produtores.

No Rio Grande do Sul, as negociações seguem praticamente suspensas, com expectativa de paralisações temporárias em moinhos para limpeza e férias coletivas. Estima-se que cerca de 1,55 milhão de toneladas da safra nova já tenham sido comercializadas, o equivalente a pouco mais de 40% da produção. Os preços do trigo para moagem giram entre R$ 1.100 e R$ 1.150 por tonelada no mercado local, enquanto no porto os valores ficam próximos de R$ 1.180 para dezembro e R$ 1.190 para janeiro. O trigo destinado à ração apresenta cotações ligeiramente superiores, e o mercado é descrito como confortável do lado da indústria, com pouca urgência de compra.

A análise dos últimos dois anos mostra que os preços no estado atingiram picos relevantes em meados de 2024 e no primeiro quadrimestre de 2025, superando R$ 1.450 por tonelada, antes de entrarem em uma trajetória de queda acentuada. No encerramento de 2025, as cotações recuaram para níveis próximos de R$ 1.030 a R$ 1.050, os menores do período. A combinação de boa oferta interna, qualidade inferior do grão, entrada concentrada da safra, concorrência do trigo importado e demanda cautelosa dos moinhos contribuiu para a perda de sustentação dos preços.

Em Santa Catarina, o mercado permanece travado, com moinhos apenas recebendo lotes já adquiridos e expectativa de parada quase total até o início do próximo ano. O estado ainda não concluiu a colheita, e há um descompasso entre vendedores, que mantêm ideias ao redor de R$ 1.200 FOB, e compradores, que se mantêm ausentes.

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No Paraná, o cenário também é de paralisação, com preços nominais ao redor de R$ 1.250 por tonelada CIF no norte do estado. Após picos acima de R$ 1.550 em 2024 e no início de 2025, o mercado entrou em tendência baixista, encerrando o último ano na faixa de R$ 1.180 a R$ 1.200, pressionado pela oferta interna, importações competitivas e resistência dos moinhos a preços mais elevados.

AGROLINK – Leonardo Gottems

Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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Agricultura

Entregas de fertilizantes avançam no mercado brasileiro

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A produção nacional de fertilizantes intermediários também apresentou avanço – Foto: Divulgação

O mercado brasileiro de fertilizantes apresentou crescimento consistente ao longo de 2025, refletindo maior demanda do setor agropecuário e avanço no volume de entregas ao produtor. Dados divulgados pela Associação Nacional para a Difusão de Adubos (ANDA) indicam que o desempenho positivo foi observado tanto no resultado mensal quanto no acumulado do ano.

Em setembro de 2025, as entregas ao mercado somaram 5,38 milhões de toneladas, volume 11,3% superior ao registrado no mesmo mês do ano anterior. No acumulado de janeiro a setembro, o total entregue chegou a 35,86 milhões de toneladas, alta de 9,3% em comparação com igual período de 2024, quando foram contabilizadas 32,80 milhões de toneladas.

Mato Grosso manteve a liderança no consumo nacional de fertilizantes, concentrando 22,5% do total entregue no país, o equivalente a 8,08 milhões de toneladas. Na sequência apareceram Paraná, com 4,51 milhões de toneladas, São Paulo, com 3,74 milhões, Rio Grande do Sul, com 3,54 milhões, Goiás, com 3,53 milhões, Minas Gerais, com 3,22 milhões, e Bahia, com 2,43 milhões de toneladas.

A produção nacional de fertilizantes intermediários também apresentou avanço. Em setembro de 2025, o volume produzido alcançou 713 mil toneladas, crescimento de 6,3% frente ao mesmo mês de 2024. No acumulado dos nove primeiros meses do ano, a produção totalizou 5,57 milhões de toneladas, aumento de 6,6% em relação às 5,23 milhões de toneladas registradas no mesmo intervalo do ano anterior.

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As importações somaram 3,91 milhões de toneladas em setembro de 2025, redução de 7,4% na comparação anual. De janeiro a setembro, porém, o volume importado atingiu 31,49 milhões de toneladas, expansão de 8,4% frente às 29,05 milhões de toneladas de 2024. O Porto de Paranaguá consolidou-se como principal porta de entrada do insumo, com oito milhões de toneladas importadas no período, o que representou 25,5% do total desembarcado nos portos brasileiros.

AGROLINK – Seane Lennon

Colaborou: Astrogildo Nunes – [email protected]

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