O dólar tinha fortes ganhos frente à moeda brasileira, indo acima de 5,35 reais conforme novos casos de Covid-19 na China e ameaça de crise energética na Europa alimentavam temores de uma recessão global, com as crescentes tensões políticas e fiscais domésticas exacerbando o clima de aversão a risco.
Às 10:15 (de Brasília), o dólar à vista avançava 1,58%, a 5,3525 reais na venda. No pico do dia, a divisa saltou 1,70%, a 5,3585 reais.
Na B3, às 10:15 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,74%, a 5,3820 reais.
A valorização do dólar era generalizada neste início de semana, com seu índice frente a uma cesta de seis rivais fortes disparando quase 1%, a 108,110, renovando máximas desde o final de 2002. A maior parte das principais divisas globais recuava acentuadamente diante desse movimento, com moedas emergentes ou sensíveis aos preços das commodities na lanterna.
O real dividia com dólar australiano, florim húngaro e peso chileno a posição de pior desempenho no pregão.
A cautela também imperava em outros mercados, com ações, preços de commodities e rendimentos de títulos soberanos dos EUA caindo nesta manhã.
Temores de recessão ganharam fôlego nesta segunda-feira, já que governos locais da China estão adotando novas restrições --de paralisações de negócios a lockdowns-- para conter infecções por Covid-19.
"Novos lockdowns tiram otimismo com retomada econômica do país (China)", disse em postagem no Twitter Jerson Zanlorenzi Jr., responsável pela mesa de ações e derivativos do BTG Pactual. "Já vimos esse filme!"
A política de tolerância zero à Covid na segunda maior economia do mundo já havia sido motivo de preocupação para os mercados financeiros mais cedo neste ano, principalmente depois que o centro financeiro de Xangai passou meses sob rígidas restrições de circulação.
Receios vindos da Europa ofuscavam ainda mais as perspectivas da economia global, conforme crescia a ameaça de uma crise energética. O Nord Stream I, maior gasoduto que transporta gás russo para a Alemanha, inicia sua manutenção anual nesta segunda-feira. Os fluxos devem parar por dez dias, mas os mercados temem que o fechamento seja estendido devido à guerra na Ucrânia.
Em meio às preocupações sobre o crescimento econômico, investidores devem ficar atentos a dados de inflação norte-americanos com divulgação agendada para quarta-feira, comentou Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos.
"A alta de preços está no epicentro dos movimentos de mercados nos últimos meses, com todos os olhos voltados para o desfecho do processo de alta de juros na economia americana, e no resto do mundo", disse ela. "Se muito forte, pode acabar mergulhando os Estados Unidos em uma recessão."
No Brasil, o assassinato de um petista no Paraná durante o fim de semana parecia sinalizar meses tensos antes da eleição presidencial de outubro. A morte de Marcelo Arruda, um guarda municipal, foi comentada tanto pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto pelo atual presidente Jair Bolsonaro, enquanto o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que o episódio mostra "como é viver na barbárie".
Na frente fiscal, o foco seguia na tramitação da PEC dos Benefícios no Congresso. A medida tem mantido investidores domésticos nervosos, já que prevê despesas fora do teto de gastos e pode ter efeito inflacionário de longo prazo.
A volatilidade implícita do real para os próximos três meses renovou nesta segunda-feira uma máxima desde outubro de 2020.
FONTE: NOTICIAS AGRICOLAS
Dólar salta mais de 1% ante real com aversão a risco internacional e tensões domésticas
Mídia Rural
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julho 11, 2022
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