O possível conflito da Rússia com a Ucrânia, terceiro maior exportador mundial de milho, pode mudar tudo nos preços do milho, aponta o analista sênior da TF Consultoria Agroeconômica, Luiz Pacheco. “Quaisquer comentários técnicos que possamos fazer neste momento serão totalmente suplantados se ocorrer de fato a invasão da Ucrânia, como anunciaram as autoridades norte-americanas”, diz ele.
Se isto se confirmar, afirma o especialista, os preços tendem a subir fortemente no mercado internacional, arrastando os preços internos com eles. “Devemos nos lembrar que a Ucrânia é o quarto maior produtor e o terceiro maior exportador (neste ano deve passar a Argentina) de milho do mundo, com grandes vendas programadas para a China”, explica ele.
“Tínhamos previsto que as cotações atingiriam o seu ápice logo depois do relatório do USDA, que, de fato, ocorreu na quinta-feira, caindo posteriormente. Embora haja colegas analistas que digam que o preço pode subir mais, nós não vemos como isto possa acontecer, nem pelo lado técnico, nem pelo lado fundamental – a menos que o conflito OTAN/Rússia se transforme em vias de fato”, reforça Pacheco.
“Com preços altos, é natural que os produtores americanos, que começarão a plantar em maio próximo, elevem a área e, consequentemente a produção, provavelmente aumentando também os estoques finais. Com isto, a tendência dos preços seria cair, até porque estão muito elevados para os compradores finais”, conclui ele.
SOJA
Já no caso da soja, aponta Luiz Pacheco, a deflagração de um conflito entre a Rússia e a Ucrânia poderia “mudar tudo de figura, superando quaisquer fatores técnicos e fundamentais que existam no mercado. Embora remota, esta possibilidade é dada como certa pelas autoridades americanas e o mercado reage conforme as declarações oficiais”.
“Assim, se concretizado, o conflito poderia elevar em muito os prêmios da soja brasileira, para compensar as eventuais quedas em Chicago, se a China deixar mesmo de comprar soja norte-americana. Lembrem-se que a Rússia envolveu a China, com quem fez um acordo ‘sem limites’ e que é a maior compradora de soja do mundo. Em caso de conflito, deixaria de comprar dos EUA e passaria a se abastecer na América do Sul”, conclui Pacheco.
fonte agrolink
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